PUBLICADO EM 18/12/2020

A Voz Suprema do Blues

 

A Voz Suprema do Blues

Situado em Chicago na década de 20, A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom o original) mostra Ma Rainey (Viola Davis), conhecida como a Mãe do Blues, gravando um de seus discos e enfrenta vários atritos no processo.

Com direção de George C. Wolfe, o roteiro de Ruben Santiago-Hudson adapta a peça de teatro escrita originalmente por August Wilson e isso fica bem evidente pois o filme se passa praticamente todo em pequeno espaços e é sustentado pelos diálogos e vez ou outra por grandes monólogos. E aí está o seu grande trunfo e maior defeito.

A qualidade de Viola Davis é inquestionável, aqui quase irreconhecível num grande trabalho de maquiagem, ela mostra toda sua presença em tela, numa personagem orgulhosa, forte e que enche a cena cada vez que aparece. E mesmo assim quem rouba a cena é Chadwick Boseman.

Boseman é Levee, um trompetista que toca na banda de Rainey, mas que quer tocar suas próprias composições e fazer sucesso com uma banda própria. Com muita energia e entusiasmo ele se entrega totalmente ao papel, cheio de ambição, um pouco de malicia e uma raiva reprimida, de onde surgem os grandes monólogos que elevam o filme a outro patamar. Mesmo com o nome da personagem de Viola no título original, é Levee quem tem mais tempo de tela, e isso é justificável, visto que temos a melhor atuação da carreira de Boseman, e infelizmente, a última.

Infelizmente o caráter teatral fica muito evidente, dando pouca dinâmica e ritmo ao longa, que curiosamente fala sobre música. A câmera procura bastante o rosto dos personagens, justamente pra ressaltar o que tem de melhor em seu elenco, que fora os dois protagonista citados, está bem, mas nada fora do comum.

A Voz Suprema do Blues tem potência em suas atuações e no texto, mas peca ao transpor o conteúdo teatral numa linguagem cinematográfica. De qualquer maneira é uma grande despedida de Boseman, que nos deixa em seu auge.

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  3.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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