PUBLICADO EM 07/12/2021

Ataque dos Cães

 

Ataque dos Cães

Ataque dos Cães, novo filme da vencedora do Oscar Jane Campion, adapta o romance de Thomas Savage lançado em 1967, numa história cheia de nuances e ao mesmo tempo poderosa, dada a qualidade de suas atuações.

Situada na década de 1920, a trama companha os irmãos Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons), ricos proprietários da maior fazenda do estado de Montana. Enquanto o primeiro é brilhante, mas cruel, o segundo é a gentileza em pessoa. Quando George secretamente se casa com a viúva Rose (Kirsten Dunst) e ela passa a morar na fazenda com seu filho Peter (Kodi Smit-McPhee), a relação entre eles se torna bastante conturbada.

O filme não tem pressa em estabelecer seus alicerces, principalmente nas personalidades distintas dos dois irmãos e a relação entre eles, Quando Rose e Peter são adicionados a essa equação, as relações se tornam mais complexas, e tudo que envolve Phil e Peter é muito bem trabalhado, mas o mesmo não pode ser dito de Peter e Rose. Muito fica subentendido e mesmo tendo um pouco mais de duas horas, falta um pouco de aprofundamento entre os personagens de Dunst e Cumberbatch.

Cumberbatch aliás que apresenta sem sombra de dúvidas um dos melhores trabalhos de sua carreira, se não for o melhor. Cheio de camadas, ele representa a masculinidade e a sexualidade reprimida, e quando parece estar tomando um rumo óbvio, ele se mostra mais complexo que isso, e esta observação vale não apenas para o personagem mas como o filme em si.

Smit-McPhee tem a dura missão de acompanhar o nível de Cumberbatch, e até surpreendentemente consegue estar a altura. Seu personagem parece bastante um estereótipo de uma pessoa introvertida, mas ao longo de suas interações mostra várias nuances e compõe um arco incrível ao final. Infelizmente Plemons acaba sendo deixado um pouco de lado em detrimento dos outros personagens, mas mesmo assim está muito bem.

A virtude de Ataque dos Cães está nos detalhes, naquilo que é insinuado, no não dito, nas provocações criadas por gestos e atitudes simples, que são muito bem acompanhados da bela direção de fotografia de Ari Wegner.

Apostando na máxima que o menos é mais, Jane Campion consegue fugir de clichês, driblar momentos que facilmente cairiam no melodrama, numa experiência que apesar de lenta em alguns momentos, se mostra muito intensa e até mesmo inesperada.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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