Chegando num momento delicado e de restruturação do DCU, o universo compartilhado de heróis como Batman, Superman, Mulher-Maravilha, entre outros, Besouro Azul é uma aposta improvável. Ele faz parte de projetos um pouco mais antigos da DC, na qual fazia parte por exemplo o finado filme da Batgirl, que nunca viu a luz do dia, inclusive sendo inicialmente pensado para ir para o streaming, mas ganhou seu lançamento nos cinemas. E por mais que tudo nisso aponte para mais uma decepção dos fãs, encontramos uma grata surpresa.
Na trama, o recém-formado, Jaime Reyes (Xolo Maridueña) volta para casa cheio de expectativas para o futuro, mas logo descobre que seu lar não é mais o mesmo. Enquanto tenta encontrar seu propósito no mundo, o destino intervém e faz chegar às mãos de Jaime uma antiga relíquia da biotecnologia alienígena – o Escaravelho. Quando o Escaravelho escolhe Jaime como seu hospedeiro simbiótico, sua vida muda para sempre.
Por mais que possa parecer contraditório o que irei dizer, um dos grandes trunfos do longa é não se preocupar tanto com o universo de heróis como um todo, mas focar em apresentar este novo herói. Óbvio que existem menções e piadas com Batman e Flash por exemplo, mas isso não é usado de muleta para alavancar o novo herói, ele acerta, e também erra por seus méritos próprios, com possibilidades de expandir aquele seu próprio cantinho do universo.
Toda a questão familiar, e a importância dela, ainda mais se tratando de latinos, poderia soar forçada, ou superficial, mas graças ao carisma de todos os envolvidos funciona muito bem. Diferente de um Shazam 2 onde existem membros da família que você nem lembra que existem, aqui cada um pelo menos tem uma boa presença, com destaque para o tio Rudy Reyes (George Lopez).
Maridueña, assim como já havia demonstrado em Cobra Kai, tem muito carisma e talento, e consegue segurar o peso do protagonismo facilmente, e sua química com Bruna Marquezine, que tem um papel de grande destaque, é imensa.
Por outro lado, os vilões do filme são o ponto baixo, Susan Sarandon apensa cumpre tabela e Raoul Max Trujillo é um simples capanga de luxo, por mais que até tentam dar uma motivação maior para ele. A verdade é que toda a parte da ação é bem genérica, tudo que é visto aqui já foi feito antes, e bem melhor inclusive.
O traje do Besouro tem um design interessante, mas a interface que aparece é meio estranha. O fato dele não ter total controle do que faz sendo auxiliado por uma IA no começo pode ser meio irritante, mas pelo menos faz parte do desenvolvimento e aprendizado dele como herói. A transformação dele também é interessante, não sendo algo legal ou descolado, mas puxando até um pouco pra algo mais bizarro e dolorido, como num terror, mas o inconveniente dele perder as roupas toda vez que isso ocorre vai fazer quem teve essa ideia se arrepender em algum momento.
O tom do humor é bem colocado, e as piadas com referências mexicanas são ótimas e curiosamente também muito reconhecíveis para o público brasileiro. Besouro Azul aposta no simples, e entre erros e acertos, acaba saindo com um saldo positivo, e realmente deixando vontade de saber um pouco sobre este novo herói, que promete iniciar este novo caminho traçado pela DC.
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