Assim como todos os episódios da franquia Black Mirror, o filme “Bandersnatch” não decepcionou. Diferentemente da série, todavia, o longa conta com a ajuda do espectador para se desenvolver: uma narração interativa com cinco finais diferentes. O nome “Bandersnatch” vem do livro em que Stefan (Fionn Whitehead), o personagem principal, inspira-se para programar um jogo de ações semelhantes às que nós, do século XXI (o que faz completa diferença), temos ao assistir o filme. Ou seja: se o jogador pode escolher fugir de um monstro ou não, nós podemos escolher qual cereal Stefan comerá pela manhã.
Ao tentar vender seu jogo para uma empresa de games, Stefan tem de se decidir se aceitará trabalhar no escritório, ou se desenvolverá seu projeto sozinho. Ou melhor, quem decide isso é você. Deve-se lembrar que nem todos os níveis do jogo estão desenvolvidos, tal qual as consequências de algumas escolhas que podem ser feitas.
Tentar de novo, e de novo, e de novo. O desejo de ter poder sobre o tempo na vida real, para ajustarmos nossa vivência, é possível na vida de Stefan com a nossa ajuda. Se ele se encontra decepcionado com a crítica de seu jogo, voltamos atrás e escolhemos outra opção, assim formando novo caminho e ficando cada vez mais curiosos para o novo trajeto se desenrolar. O ponto é: qual o limite da loucura de um artista? Colin costuma dizer que assim são aqueles com talento, mas quantos passos Stefan pode dar até chegar na beira do abismo? Sabendo ou não até onde pode ir, nós o testaremos e o designaremos para o ponto que desejarmos.
Assim como os episódios já conhecidos pelos fãs, em Bandersnatch há um série de referências às outras histórias: “Metal Head” é, agora, um jogo programado por Colin, outro gênio dos games que Stefan admira; a clínica psiquiátrica se chama “Saint Juniper Hospital”; a vila de casas, em dado momento, assemelha-se ao cenário de “White Bear”, além do símbolo bifurcado que aparece ao decorrer da narrativa.
A interação causa, sobretudo, ainda mais tensão – e às vezes arrependimento. Se os roteiros de Black Mirror já eram suficientes para tal, agora ficaram ainda mais potentes quando a imersão do espectador. A ambientação de décadas passadas nos amplia a ideia de como a tecnologia avançou, e esse gostinho da interação realça ainda mais o desejo pela realidade virtual. Mas, afinal, será que o seu eu de outra linha temporal gostou mais desse episódio do que você?
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