PUBLICADO EM 03/10/2022

Blonde

 

Blonde

Blonde, filme dirigido e escrito Andrew Dominik baseado no livro de Joyce Carol Oates, mistura fatos e ficção para reimaginar a vida de Marilyn Monroe, grande estrela de Hollywood, explorando principalmente a divisão entre as personalidades públicas e privadas de Marilyn.

A primeira coisa a ser dita sobre o longa é a atuação de Ana de Armas, que está indiscutivelmente muito parecida com Marilyn, como já podia ser visto no trailers e no material promocional. Mas para além da semelhança física, sua interpretação é muito boa, entregando trejeitos e até mesmo no jeito de falar de Marilyn uma semelhança absurda. E claro também na diferença de comportamento da persona de Hollywood e Norma Jeane, verdadeiro nome de Marilyn.

Essa dualidade entre Norma Jeane e Marilyn Monroe é interessante, mas acaba não tendo todo seu potencial aproveitado, justamente porque parece que o diretor está tão preocupado em “chocar” o público que acaba tendo uma visão superficial desse embate de personalidades.

Além disso o filme peca por cenas extremamente bregas, ou pior que isso, quando são apenas de mal gosto mesmo. A sexualidade, e os abusos físicos e psicológicos passados por Norma Jeane não conduzidos de uma forma muito indelicada. Dominik inclusive disse em entrevistas que ficou fascinado por Ana de Armas e seu corpo, e é nessas horas que o longa se perde, deixando de lado Marilyn ou Norma Jeane, e focando apenas na exploração do corpo de Armas, e nem é de uma forma artística, é simplesmente fetichista.

A narrativa é meio inconstante, dando saltos temporais sem muitas explicações ou marcações de tempo, com personagens entrando e saindo da vida dela, apenas para reforçar os mesmo traumas que já conhecemos quando foi mostrada sua infância. Não existe uma curva dramática, apenas uma sucessão de acontecimentos e abusos que percorreram sua vida. Há também a transição do preto e branco para o colorido sem muito critério.

Ainda falando sobre breguice e mal gosto, todas as cenas envolvendo o feto na barriga e aborto são horripilantes, é difícil até compreender como alguém achou que seria de bom tom. E não é questão de ser chocante ou pesada, é apenas mal feito, mal conduzido, sem um pingo de sensibilidade.

Na parte final existem cenas da Marilyn com uma música incidental feitas no teclado, que para mim lembram muito Twin Peaks, mas seria como um episódio muito, mas muito ruim do seriado de David Lynch.

Blonde é uma decepção por deixar de lado a história complexa de Marilyn Monroe e se concentrar apenas em um recorte fetichista e sem nenhuma profundidade de sua vida.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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