Em Código Preto, novo filme de Steven Soderbergh (Onze Homens e um Segredo), temos um repeteco de tudo que já vimos em filmes de espionagem, inclusive a relação entre marido e mulher.
O filme narra a história dos lendários agentes de inteligência George Woodhouse (Michael Fassbender) e sua esposa Kathryn (Cate Blanchett). Quando ela é suspeita de trair a nação, George enfrenta o teste final: lealdade ao seu casamento ou ao seu país.
É estabelecido um jogo de gato e rato onde não é possível confiar em ninguém, pois além da sua esposa, Woddhouse ainda suspeita de seus outros colegas de trabalho, interpretados por Regé-Jean Page, Marisa Abela, Naomie Harris e Tom Burke. Um bom elenco que impressiona, mas que não chega a emocionar muito em nenhum sentido. Sobra talento mas falta carisma.
É estabelecido um perigo com constante com o risco de um vírus da central de inteligência cair em mãos erradas e iniciar um conflito de escala global, mas nada disso é muito interessante, ou chega a passar uma real noção de urgência. E isso é notório quando temos o chefe de Woodhouse morrendo de forma extremanente suspeita e isso não gera nenhum impacto significativo na trama.
O personagem de Fassbender é o tipo calado, observador e metódico, que não consegue expressar muitas emoções, coisa que ele já fez recentemente em O Assassino (2023), então não é nenhuma novidade. Inclusive essa inexpressividade no meio de tanta gente e coisa acontecendo, sem ter o foco apenas pra ele, deixa tudo mais difícil de se envolver com o personagem. Blanchett é uma grande atriz, mas não tem muito o que fazer com sua personagem, que é enigmática e durona, o que é útil para a trama já que deixa o público sempre com a pulga atrás da orelha, mas não passa disso.
Todos os outros personagens são um amontoado de certas características, como o certinho, o garanhão, a engraçadinha, que servem apenas para desviar o foco do telespectador, e gerar uma dúvida de quem é o traidor. Perdido no meio disso tudo temos Pierce Brosnan, que aparece umas 3 ou 4 cenas como o chefão da agência, e você sabe já de cara que ele em algo a ver o que está acontecendo, pois não perderiam tempo escalando ele se não houvesse algum bom motivo.
É impossível não citar Sr. & Sra, Smith, que tem uma premissa levemente semelhante com marido e mulher espiões postos um contra o outro. Claro que este filme é muito mais a sério, e definitivamente não é uma comédia de ação, mas pelo menos o filme lá de 2005 tinha certa personalidade e trazia esse elemento da mistura de gêneros. Código Preto é apenas um filme padrão de espionagem, como vários outros já feitos. Não chega a incomodar ninguém, mas tampouco será muito lembrado.
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