PUBLICADO EM 28/05/2021

Cruella

 

Cruella

Cruella, novo filme da Disney que reimagina um de seus personagens em live-action, assim como Malévola, traz a história de origem de uma vilã. Embora essa seja uma tendência atual, visto que vilões tendem a ser mais complexos que os mocinhos, logo mais interessantes, o quão bem esta nova versão faz para personagem?

Começamos acompanhando Estella (Emma Stone) desde seu nascimento, passando por sua infância complicada até chegarmos a sua juventude numa Londres dos anos 70, onde ela aplica pequenos golpes junto com seus amigos Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). As coisas começam a mudar quando ela conhece a Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), maior ícone da moda atual, e tem a chance de mostrar todo seu talento como estilista para ela.

A ambientação da Londres dos anos 70 é muito boa, ela é fria e esfumaçada mas ganha vida graças a efervescência da cultura punk rock, muito bem representada pela excelente escolha das músicas, que conversam com a época mas também com o estado de espírito dos personagens de uma forma não muito óbvia.

Outro ponto alto que ajuda na ambientação é através dos figurinos, que se tratando de um filme que gira em torno do mundo da moda, não se esperava menos. A figurinista Jenny Beavan, vencedora de dois Oscar (Uma Janela para o Amor e Mad Max: Estrada da Fúria) é responsável por criar peças incríveis e muito inventivas, que acentuam ainda mais a disputa do novo e rebelde representado por Estella e do velho e acomodado da Baronesa.

A disputa entre essas duas gerações fica ainda mais evidente quando filme de uma hora pra outra foca apenas nas duas atrizes. Tanto Stone quanto Thompson estão excelentes, mas isso custa um preço quando temos outros personagens interessantes que poderiam ter mais destaque e desenvolvimento. Esse esquema acaba deixando o filme um tanto repetitivo e inflando-o sem necessidade. As mais de 2h de metragem serão sentidas do meio pro final.

O diretor Craig Gillespie tem bons momentos, principalmente quando arrisca algumas tomadas de travelling, mas nada que consiga sobrepor o roteiro não muito inspirado de Dana Fox e Tony McNamara. Agora voltamos a pergunta do início: o quão bem esta nova roupagem faz para personagem? E faço este questionamento pois a personagem até flerta com um processo de transformação meio Coringa, mas o filme não tem coragem de ir até o fim, ou seja ela não está nem próxima de ser aquela Cruella do filme clássico dos 101 Dálmatas que quer esfolar filhotes fofinhos de dálmata para fazer um casaco. Ou seja, numa possível continuação (bem plausível de acontecer) se ela se tornar esta persona non grata, será um balde de água fria a todos os novos fãs cativados.

Por outro lado se este caminho de “redenção” continuar a ser trilhado, o que nos espera a não ser algo previsível e que apenas enfraquece a personagem criada anteriormente? E veja, em nenhuma hipótese eu QUERO que a Cruella machuque qualquer tipo de animal, mas ela se torna uma figura meio que sem propósito.

O longa apesar de um tanto cansativo tem muito charme devido aos aspectos técnicos citados, que valorizam muito o que está em seu entorno e vale como um bom entretenimento.

Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.

 

  3.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


RELACIONADOS