Desconhecidos é um filme desafiador em alguns sentidos, sendo tecnicamente muito bem feito, trata de temas sensíveis provavelmente não da melhor forma possível.
Neste thriller somos apresentados a um predador implacável que persegue uma mulher ferida pela natureza selvagem do Oregon. Ela faz o possível para se manter um passo à frente de seu agressor, mas a cada momento de tensão, sua força diminui e sua capacidade de sobreviver é cada vez mais comprometida.
O filme de JT Mollner busca sempre de alguma forma querer se destacar do padrão, e isso é visto logo no começo com um aviso de que o longa foi filmado em 35mm. É diferente do padrão da indústria que filma em sua maioria em digital, mas não chega a ser nenhuma grande novidade, já que recentemente tivemos, por exemplo, Nosferatu (2024) filmado em película e nem por isso teve disclaimer, o filme fala por si só. Dito isto, a fotografia e o uso da iluminação, tanto solar de dia quanto de neon em partes noturnas, é muito bem feita.
O filme é dividido em capítulos e o seu maior trunfo é a apresentação deles fora da ordem cronológica, num estilo meio Tarantino. Somos jogados de cara no capítulo 3, no meio de uma perseguição, depois vemos algo que acontece mais pra frente e só depois voltamos para entender como tudo começou. É bem feito, mas nada também que já não tenha sido feito antes.
Por conta dessa estrutura temos um plot twist que é o que gera a grande comoção e falatório ao redor do filme, que manterei no suspense para não estragar a experiência de ninguém, mas é algo que já é possível pressentir a grande distância. Novamente Mollner parece estar fazendo algo super diferente, mas não é tão transgressor quanto aparenta. E ai nesse ponto é possível argumentar que ele é um pouco insensível e irresponsável no que tange o tema de abuso sexual feminino.
Outro grande problema do roteiro são os diálogos. Nas cenas dos capítulos iniciais temos falas sem muito refino e nenhuma sutileza, por pouco não jogando a construção de tensão e dúvida por água abaixo. O que salva são as atuações de Kyle Gallner e principalmente Willa Fitzgerald, muito por conta da fisicalidade e das reações ao momentos tensos, porque se dependesse dos diálogos ambos estariam perdidos.
Entre erros e acertos, o saldo acaba sendo positivo, e Desconhecidos é uma boa opção de thriller com pitadas de slasher.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
