PUBLICADO EM 17/06/2023

Elementos

 

Elementos

Elementos, nova animação da Pixar, chega em momento delicado para o estúdio de animação que desde que debutou no mercado virou referência de tecnologia e como contar boas histórias. A nova leva de grandes produções animadas que vem chamando atenção prefere ser mais estilizada, mesclando o 3D com 2D, o que não é o caso aqui, onde o estúdio já chegou no seu ápice de excelência e parece não ter mais para onde evoluir.

Outro ponto delicado é que dos últimos quatro lançamentos da Pixar, três deles foram direto para o serviço de streaming Disney+ e o mais recente, Lightyear (2022), mesmo sendo um spin-off da grande franquia Toy Story, foi um fracasso de bilheteria. Logo o peso em cima de Elementos é bem maior do que de fato deveria ser.

A trama nos apresenta uma cidade onde cidadãos de fogo, água, terra e ar vivem juntos, e acompanhamos Faísca (Leah Lewis), uma jovem impetuosa e esquentada, e Gota (Mamoudou Athie), um cara sentimental que segue o fluxo da vida, descobrindo algo elementar: o quanto eles têm em comum.

Um dos pontos que chamam atenção do longa, é que diferente de outros filmes do estúdio, que tem como base a aventura e comédia, com elementos de romance, este filme pode ser rotulado de forma contrária, ele é de fato um romance que tem um pouco dos outros elementos. O foco principal é no casal de protagonistas, que segue o clichê de serem de mundos opostos, mas que acabam encontrando um no outro similaridades e conforto nas situações difíceis.

Em privilégio do casal, temos vários coadjuvantes que acabam sendo jogados de lado, o único que acaba sendo aproveitado de forma satisfatória é o pai da Faísca, já que a relação dos dois também move a trama. Essa parte fala bastante sobre atender as expectativas de pessoas próximas a nós, tradição, e conflitos geracionais.

O filme também fala sobre imigração, aceitação, diferenças culturais e raciais em seu subtexto, que na verdade fica bem evidente. Talvez o grande desafio do longa seja conseguir cativar tanto o público adulto quanto o infantil, algo que a Pixar sempre tirou de letra. As crianças podem achar o filme mais parado, sem tantas cenas empolgantes (ou simplesmente ficarem se perguntando o que é um alvará), e os adultos por sua vez podem achar ele mais bobinho, tendo visto vários outros filmes nesse mesmo estilo.

A principal canção do filme, “Steal The Show“, é daquelas chicletes que grudam na cabeça e ficam com você o dia todo, e que fique claro que neste caso isso é um elogio.

A grande verdade é que nem todo filme precisa ser uma obra de arte que irá mudar sua vida para sempre, as vezes tudo que precisamos é de uma boa história de amor e aceitação, capaz de emocionar verdadeiramente. O simples, quando bem feito, pode deslumbrar e encher os olhos.

A pergunta que fica é: será que isso será suficiente para o público comparecer aos cinemas, ou compensa mais esperar o filme chegar ao streaming, como a própria Disney acostumou o público? Temos que esperar pra ver. Independente disso, Elementos é um filme essencialmente fofo, que provavelmente não tenha a força necessária para empolgar o grande público, mas que se viso de coração aberto, pode aquecê-lo de uma forma única.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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