PUBLICADO EM 06/11/2021

Eternos

 

Eternos

Eternos, novo filme da Marvel dirigido pela premiada diretora Chloé Zhao, vai por um caminho no mínimo inusitado, explorando a cosmogonia deste universo fantástico, cheio de seres incríveis e poderosos, tentando mesclar algo mais intimista na relação entre seus personagens, com uma grande epopeia pela sobrevivência da humanidade.

Na trama do longa somos apresentados a um grupo de super seres conhecidos como Eternos, enviados para Terra há milhares de anos atrás pelo Celestial Arishem para derrotar os monstruosos Deviantes e assegurar o desenvolvimento do planeta e sua população. Com a volta repentina das criaturas nos dias atuais, os Eternos precisam se reunir novamente para combate-las.

Uma das grandes preocupações em um filme de equipe é conseguir desenvolver vários personagens, e neste grupo de heróis temos dez deles. Obviamente, a narrativa usa um deles como o fio condutor, no caso Sersi (Gemma Chan), que tem na sua relação com os humanos e com os outros Eternos, em especial Ikaris (Richard Madden), o coração do longa. Mesmo assim, cada um deles tem características marcantes, como o humor de Kingo (Kumail Nanjiani), os questionamentos de Druig (Barry Kheogan), o sarcasmo da Duende (Lia McHugh), os conflitos internos de Phastos (Brian Tyree Henry), etc.

Nem todos tem muito tempo de tela, como é o caso de Ajak (Salma Hayek), que não deixa de ser um ponto crucial da trama, ou de Thena (Angelina Jolie), que tem um arco próprio um pouco avulso, mas que merecia ainda mais espaço graças a presença gigantesca da atriz. Há também Dane Whitman (Kit Harington), personagem que se sustenta na trama apenas pelo respaldo nos quadrinhos em sua relação com Sersi e um vislumbre de outra ramificação que o MCU irá abrir, tendo um impacto zero para esta história em si.

O ritmo do filme parece um pouco desbalanceado no começo, com seus cortes bruscos de idas e vindas do passado longínquo para o presente. Mesmo com batalhas pontuais contra os Deviantes para tentar deixar o público que busca um blockbuster entretido, Zhao toma o tempo necessário para mostrar a relação desses personagens, que nem sempre são tão simples.

A ação do longa é muito competente, mesmo com o cgi bastante carregado em algumas cenas e a escala da ameaça é literalmente gigantesca, mas Eternos é realmente algo diferenciado nos temas em que se propõem a abordar. Como fala de criação de universos e civilizações, há muitas alegorias a religião, aos deuses, aos mitos, a fé, e o mais importante: ao questionamento de tudo isso. Existe um dilema moral que paira sobre eles, e as decisões que eles precisam tomar não são fáceis, ainda mais quando as relações pessoais entre eles entram em jogo.

Eternos carrega uma carga dramática muito forte, embalada numa capa de ficção cientifica de ótima qualidade, e sem nunca esquecer de ter seus momentos leves, embora mais pontuais. As discussões levantadas e o escopo de onde este universo pode chegar, ao meu ver, fazem a balança pesar positivamente para o filme. É totalmente compreensível quem torça um pouco o nariz, mas é inegável que ao menos Eternos foge do óbvio.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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