Mais de vinte anos após a estreia de Extermínio (2002), o diretor Danny Boyle (127 Horas, Quem Quer Ser um Milionário?) e o roteirista Alex Garland (Ex Machina, Guerra Civil) retornam para a franquia com Extermínio: A Evolução. O plano de retorno é ousado, já estabelecendo uma trilogia com total envolvimento dos dois realizadores.
Na trama, encontramos uma Grã-Bretanha há 28 anos com uma terrível praga de pessoas infectadas e transformadas em humanos violentos e raivosos, com algumas poucas comunidades não infectadas. Vivendo numa ilha isolada, um jovem garoto chamado Spike (Alfie Williams) é levado pelo seu pai (Aaron Taylor-Johnson) para o continente em sua primeira missão. As revelações e consequências dessa empreitada podem mudar os rumos de todos os sobreviventes.
O primeiro filme foi um marco para o gênero de zumbis, por estabelecer uma nova forma de representá-los: rápidos e sanguinários, não que tenha sido necessariamente o primeiro, mas seu desenvolvimento e impacto foi crucial para tonar esse o padrão dos zumbis modernos. Outro diferencial foi ter sido gravado inteiramente numa câmera digital portátil, acentuando a ambientação de uma Londres devastada.
No novo filme, como forma de voltar as origens, Boyle decidiu gravar usando um iPhone 15 Pro Max, claro com o auxílio de lentes especiais e adaptadores, para dar um ar mais cinematográfico, mas ainda sim é algo bem diferente de outras superproduções que vemos hoje em dia. Existem muitos seguimentos noturnos, o que talvez sirva para maquiar qualquer imperfeição em tela, mas dado as circunstâncias de isolamento e falta de recursos dos personagens, faz sentido, e ainda reforça o tom sombrio e aflitivo da produção.
Existem dois momentos distintos na história, na primeira parte temos a relação entre pai e filho, com a primeira saída da ilha do garoto para caçar, e depois o aprofundamento da relação entre o garoto e a mãe (Jodie Comer), que está bastante doente e precisa de atenção médica. De maneira até surpreendente o protagonista realmente é o garoto, com uma jornada de amadurecimento forçada nesse pedaço de mundo desolado.
Logo de cara somos apresentados a algumas variantes de infectados como os rastejadores e o Alfa, e até o vislumbre de uma possível comunidade deles, mostrando que realmente após todos esses anos houve uma evolução da praga. Mesmo com essa expansão de mitologia e de mundo, o ponto principal do roteiro de Garland é o relacionamento humano, um ótimo acerto inclusive.
O jovem Afie Williams mesmo sem muita experiência consegue segurar a onda, principalmente pelo fato do ótimo elenco ao seu redor. A participação de Ralph Fiennes como o enigmático Dr. Kelson também é ótima, com ele roubando a cena quando está presente. Jodie Comer infelizmente fica um pouco limitada pela condição debilitante da sua personagem, mas também deixa uma ótima impressão quando está presente.
Temos momentos de ação muito bons, que deixam o espectador apreensivo, embora haja um abuso daquele “momento decisivo” onde no último instante alguma coisa acontece para resolver a situação. Há também uma boa dose de cenas meio grotescas e possivelmente controversas, mas nada que fuga muito doque já foi feito na franquia até aqui e pelo diretor em outros trabalhos. Ao mesmo tempo que é visceral, existe um momento muito bonito e sentimental, tratando o luto de forma muito sensível dentro desse mundo destroçado.
O maior problema de Extermínio: A Evolução é justamente ser apenas uma introdução desta trilogia. Há um encerramento de arco definido, mas várias pontas são deixadas para a continuação, que pelo menos não deve demorar muito para estrear, chegando já em janeiro de 2026 no Reino Unido.
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