Free Guy: Assumindo o Controle estava na Black List de roteiros de 2016, que nada mais é que uma lista feita anualmente desde 2004, por produtores e executivos de cinema, dos roteiros ainda não produzidos que eles mais gostaram. Cinco anos depois podemos finalmente conferir e entender o porquê disso.
No longa, Guy (Ryan Reynolds) vive uma vida simples sendo um dedicado funcionário de banco que descobre ser na verdade um NPC (non-player character ou personagem não jogável) dentro de um videogame brutal de mundo aberto, no melhor estilo GTA.
Um dos trunfos de Free Guy é que toda a parte dentro do jogo é divertida e parece de fato um jogo de verdade. Enquanto o protagonista passeia pelas ruas de Free City é possível ver ao fundo que tudo continua acontecendo, tanques de guerra passando, helicópteros voando, tiroteios, etc, e tudo isso sem roubar o foco principal, acontece bem naturalmente, dada as devidas proporções.
Toda a parte dentro do videogame é bem divertida mas seria uma experiência meio vazia se a parte de fora do jogo não fosse também interessante. E perceba que não há nenhuma trama mirabolante ou cheia de reviravoltas, ela é apenas bem feita, e conhecendo um pouco a indústria dos jogos eletrônicos e o capitalismo no geral, seria algo não tão difícil de acontecer.
Reynolds já tem como uma marca registrada seus personagens bobos e tagarelas, que aqui casa perfeitamente com a proposta do filme, trazendo um cara extremamente simpático que fica deslumbrado com a descoberta de um novo mundo e de uma verdadeira paixão. Jodie Comer, que vem pedindo passagem no cinema desde seu sucesso na tv com Killing Eve, não desaponta. O restante do elenco de apoio não tem tanto destaque, tirando Joe Keery (Stranger Things), mas mesmo assim não é muito exigido. O vilão interpretado por Taika Waititi é bastante previsível e as vezes meio fora de tom com o resto do filme, mas nada que seja tão prejudicial a experiência.
No meio de toda a proposta de ação e comédia, as vezes absurda, do filme, encontramos um bom questionamento sobre o modo como vivemos nossas vidas e o tipo de conteúdo de entretimento que consumimos. Claro há o tema da vida das inteligências artificiais, mas isso não chega a ser explorado a fundo, e na verdade seria uma grande pretensão fazer isso neste contexto.
Com um ótimo uso da trilha sonora e referências a jogos e outras propriedades da Disney, Free Guy não se perde nelas, criando uma própria identidade e conseguindo acertar o clima de um jogo melhor que qualquer adaptação de videogame até agora, mesmo não sendo adaptação de nenhum em específico.
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