O wrestling ou luta livre profissional pode não ter tanto espaço nos holofotes hoje em dia, mas certamente nos anos 80 o cenário era outro, principalmente nos EUA. A família Von Erich certamente esteve no topo do esporte durante algum tempo, mas uma sucessão de acontecimentos fez com que tudo mudasse.
O filme conta a trágica e verdadeira história da família Von Erich, uma dinastia de lutadores profissionais que fizeram história no esporte intensamente competitivo no início dos anos 80. Os irmãos tiveram que lutar dentro do ringue, mas fora deles foram atormentados por uma série de tragédias que ficaram conhecidas como a “maldição de Von Erich”.
É importante ressaltar que não é necessário ter profundo conhecimento no esporte para ver, entender ou gostar do filme, até porque o foco é no relacionamento familiar, que fatalmente se entrelaça com a luta livre, mas acaba sendo uma das camadas. Outra ressalva é apesar do filme se basear em fatos, existem alterações nesta versão ficcional, como a total omissão de outro irmão, mas isso em nada tira o brilhantismo do filme.
Mesmo com vários personagens, e o foco estar mais presente em Kevin (Zac Efron), cada um deles tem uma personalidade bem marcante e alguns dilemas internos para lidar. E é incrível como estão todos muito bem, Holt McCallany como o autoritário patriarca, Stanley Simons como o Mike, o mais novo e sensível dos irmãos, Harris Dickinson como o certinho David e Jeremy Allen White como o explosivo Kerry, que entra um pouco depois na trama, mas eleva o patamar.
Mas é inegável que Zac Efron está na melhor atuação de sua carreira, não só pela transformação física intensa, mas pelas nuances que ele consegue passar. Se ele queria de fato se livrar do estigma de jovem revelação da Disney ou ator de comédias e musicais, ele finalmente conseguiu, inclusive o fato dele não estar concorrendo como melhor ator no Oscar 2024 é no mínimo discutível.
Mesmo com vários revezes que acontecem na vida da família Von Erich, o longa nunca se torna muito melodramático, o que seria um caminho muito fácil e confortável. Existem momentos até que ele é descolado, com a trilha sonora de rock dos anos 70, cabelos esvoaçantes e alguma pancadaria. Inclusive existe um momento específico que ele apela para uma passagem mais onírica que particularmente me tirou da experiência, ficou um pouco fora de tom.
Garra de Ferro é muito consistente, ao mesmo tempo que tem uma história trágica, ele te prende a atenção e é impossível não se emocionar verdadeiramente com o final, sem soar apelativo, um ponto muito positivo para o diretor e roteirista Sean Durkin, que conseguiu fazer jus a essa história, levando ela para um público muito maior.
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