Quase 25 anos após o lançamento de Gladiador nos cinemas, o diretor Ridley Scott retorna ao universo de um de seus filmes mais emblemáticos para nos embasbacar com o tamanho e potência de sua produção.
Dessa vez a trama foca em Lucius (Paul Mescal), filho de Lucilla (Connie Nielsen). Ainda no primeiro filme, após a batalha entre Maximus (Russell Crowe) e Commodus (Joaquin Phoenix), Lucilla quer proteger o filho e decide mandá-lo para o norte da África, em uma região chamada Numídia. 25 anos depois, quando Lucius já é um guerreiro talentoso, tropas do Império Romano, lideradas por Marcus Acacius (Pedro Pascal), chegam às costas da Numídia para conquistá-la. Lucius é feito de prisioneiro e levado de volta a Roma para lutar como gladiador. Quando ele vê sua mãe Lucille sentada ao lado de Acacius na arena de luta, sua sede por vingança o leva por um caminho parecido com o de Maximus.
É nítida a vontade que Scott estava de retornar e contar essa história. O diretor mesmo próximo de completar seus 87 anos está num momento muito prolífico de sua carreira. Em 2021 lançou o ótimo O Último Duelo, que foi um fracasso de bilheteria e Casa Gucci. Em 2023 lançou outro épico, Napoleão, que deixou a desejar, então nada melhor que voltar a um dos seus maiores sucessos para mostrar que ainda tem lenha para queimar.
A escolha de Mescal como protagonista é muito acertada, em ascensão em Hollywood, ele não é um brucutu convencional, assim com Crowe não era, mas entrega a energia, intensidade e acima de tudo a dramaticidade necessária ao papel. Mesmo Lucius tendo ficado isolado de toda a bagunça de Roma, parece que o destino o coloca de novo no trilho da guerra e intrigas políticas.
É inevitável comparações com o filme original, mas Scott não tem medo de se aproximar dele em termos narrativos, com paralelos claros entre as duas histórias e jornadas, mas acrescentando algumas camadas a mais, e apresentando uma ação ainda mais intensa e grandiosa. O escala deste filme é épica, só podendo ser comparado recentemente com Duna: Parte 2. Scott está muito mais seguro na direção da ação, e o avanço tecnológico o auxilia muito, com ele finalmente podendo fazer a cena do rinoceronte, que originalmente estava no roteiro do primeiro filme, mas acabou ficando de fora.
Todos os atores estão muito bem, mas Denzel Washington simplesmente rouba a cena sempre que aparece, e seu personagem vai ganhando cada vez mais força na trama, e ele acompanha esbanjando todo o seu talento.
Por mais que não seja 100% acurado historicamente, essa nunca foi a proposta de Scott, desde o primeiro filme, se baseando em alguns personagem reais para criar sua ficção e protagonistas fictícios. Algo diferente do que acontece em Napoleão, que se esperava algo mais detalhado, já que o próprio protagonista é uma das figuras históricas mais conhecidas do mundo. Ponto positivo para David Scarpa, que curiosamente roteirizou os dois filmes citados, mas que se sai muito melhor aqui.
Scott balanceia um menor envolvimento emocional e dramático com o protagonista para criar um filme mais intenso, então o público deve colocar na balança aquilo que exatamente procura, mas na minha opinião, ele acerta em cheio, trazendo de volta esta história com muito mais vigor.
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