O maior embate possível desse monsterverse arquitetado pela Warner Bros. e Legendary chega no quarto filme da franquia, Godzilla vs. Kong, mas parece que os estúdios ainda não perceberam o que funciona ou não.
O enredo do longa que promete uma batalha épica entre esses dois Titãs, se inicia com Godzilla atacando uma base da Monarch, aparentemente sem motivo. A resposta das autoridades competentes é usar Kong (que sabe-se lá como está preso numa redoma gigante) como guia até a Terra Oca, a fim de achar uma fonte de energia poderosa o suficiente para derrotar o monstro.
O expectador passa o primeiro terço inteiro do filme acompanhando os personagens humanos, que ninguém se importa, enquanto os monstros são apenas coadjuvantes. Só quando o primeiro encontro das feras acontece é que o filme diz a que veio.
Uma porradaria franca no meio do oceano entre esses dois bichões é tudo que os fãs da franquia querem, não existe segredo nenhum. Esse é um daqueles casos que poderíamos deixar o roteiro em segundo plano e apenas aproveitar o espetáculo, mas isso se torna impossível devido a fragilidade da narrativa, cheia de conveniências, facilitações e escolhas sem sentido.
Mesmo depois da revigorante batalha, o filme ainda peca nas tramas humanas. O núcleo de Rebecca Hall e Alexander Skarsgård ainda gera alguma empatia e consegue acompanhar o desenrolar da ação, mas o núcleo da Millie Bobby Brown é enfadonho, e mostra que uma instituição que tem uma segurança tão falha a ponto de não conseguir barrar dois adolescentes e uma paranoico não tinha chance nenhuma contra o Godzilla.
A segunda batalha entre Godzilla e Kong acontece em meio a uma iluminada Hong Kong, dando um charme especial a destruição. E é destruição sem o mínimo de pudor, os humanos que se lasquem, afinal estamos aqui para torcer entre um macaco gigante e um lagartão. A batalha final contra o adversário comum dos Titãs talvez perca um pouco de impacto, muito por conta de ter sido vazado antes quem seria o adversário, mas também por não ter nenhuma cena tão inspirada no nível de Círculo de Fogo, quando um jaeger usa um cargueiro pra bater num kaiju.
Existem momentos onde o diretor Adam Wingard monta suas cenas com músicas inusitadas, fazendo videoclipes que ficam no meio termo entre o estiloso e o ridículo. O visual da Terra Oca não parece tão inspirado, e sem dúvidas ela é subaproveitada, nos resta torcer que pra que ela tenha a chance de ser mais explorada futuramente.
Entre erros e acertos, Godzilla vs. Kong satisfaz quando os protagonistas gigantes se enfrentam, mas perde muito da graça em quase todo o resto. Existe um potencial imenso para explorar a mitologia dos Titãs, mas mesmo depois de quatro filmes ainda ficamos na torcida que isso aconteça.
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