Golpe de Sorte é o primeiro filme de Woody Allen totalmente em língua não inglesa, sendo gravado na capital francesa, onde o cineasta encontrou refúgio após deixar Nova York. A mudança se deve as acusações de abuso feitas contra ele e com isso a falta de credibilidade e financiamento de seus projetos.
N atrama do longa, Fanny (Lou de Laâge) e Jean (Melvil Poupaud) parecem o casal ideal – são ambos profissionalmente bem-sucedidos, vivem num lindo apartamento num bairro de alto padrão em Paris e parecem estar tão apaixonados quanto quando se conheceram. Quando Fanny esbarra acidentalmente em Alain (Niels Schneider), um antigo colega de escola, ela fica encantada. Eles logo se encontram novamente e ficam cada vez mais próximos.
O longa tem alguns elementos que consolidaram a carreira do diretor ao longo de sua carreira, como a análise aprofundada do cotidiano e as relações humanas, mas sem o mesmo brilho de outrora, até porque não há qualquer resquício do humor de outrora.
Começamos acompanhando uma possível história de amor clássica, com reencontro de almas gêmeas após tanto tempo e dificuldades impostas devido a diferentes estilos de vida e classe social. Mas conforme as coisas vão acontecendo, parece cada vez mais que estamos acompanhando uma novela do Manoel Carlos, e não uma das melhores. É caso extraconjugal sendo escondido, é detetive particular sendo contratado, crimes acontecem, é a sogra querendo meter o nariz onde não é chamada, etc, com direito a atuação de Melvil Poupaud muito semelhante a qualquer vilão de novela mesmo.
Se Allen tivesse ido para um caminho da comédia mesmo, como uma paródia de um romance policial, talvez tivesse mais sucesso, e se essa foi mesmo a intenção dele, foi bem mal executada. Um exemplo de tom meio fora de lugar é a trilha sonora que sempre entra em alguns momentos, alguns até meio tensos, mas ela é sempre animada e descontraída, não encaixando em nada com os momentos sérios.
A ‘sorte’ no título tem haver com o encontro do casal por acaso no início do filme, mas também o final, que não deixa de ser uma muleta narrativa, por mais que o assunto tenha sido abordado anteriormente. A impressão que fica é que temos um Woody Allen cansado e repetitivo, quase como se tivesse tentando imitar a si próprio, mas sem sucesso.
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