A A24, produtora de filmes como Hereditário, Midsommar e O Farol, nos brinda com mais um terror não convencional, com forte apelo psicológico, que elabora uma trama simples mas muito bem construída.
Na trama, duas jovens missionárias devotas, Irmã Barnes (Sophie Thatcher) e Irmã Paxton (Chloe East), acabam presas na casa do Sr, Reed (Hugh Grant) um homem misterioso. Elas são forçadas a participar de um jogo perturbador que desafia sua fé e põe em xeque tudo o que acreditam.
Os primeiros 30, 40 minutos do longa são praticamente irretocáveis. Com diálogos muito bem construídos que variam entre conversas despretensiosas e argumentações sobre fé, crença e história da religião, tudo é muito instigante e quase hipnótico, mesmo se passando quase tudo na sala de estar de Reed.
E mesmo com a escassez de cenários, o cuidado com os elementos de cena é incrível, todo elemento que é apresentado e tem destaque, de alguma forma volta a trama, deixando o roteiro muito bem amarrado.
A grande discussão do filme é sobre fé, mas não a fé em si, mas como nós lidamos com ela e deixamos que ela, por vezes moldes nossas vidas e costumes. E apesar de levantar ótimos discussões o longa nunca fica enfadonho e pra além disso ainda consegue ser bem humorado. Claro que em determinado todo aquele ambiente incômodo criado se torna algo realmente bizarro e é onde os elementos mais clássicos de terror entram em cena.
É impossível não elogiar a atuação de Grant e não é arriscado dizer que talvez seja a melhor de sua longeva carreira. Ele é intrigante, desafiador, educado, e possui uma passividade agressiva que te deixa sempre com a pulga atrás da orelha, tudo ao mesmo tempo. Em determinado momento temos aquela sensação de imprevisibilidade muito difícil de se alcançar nos dias de hoje, onde tudo é entregue de maneira muito fácil ou óbvia.
O encaminhamento final talvez acabe sendo mais convencional do que o todo o restante do longa sugeria, e por isso perde u pouco sua força inicial, mas indiscutivelmente não deixa de ser um baita acerto, mostrando que filme simples e com orçamento modestos, podem ser ótimos, se tiverem boas ideias e forem bem executados.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
