Em Judas e o Messias Negro acompanhamos a história real de Bill O’Neal (LaKeith Stanfield), ladrão de carros cooptado pelo FBI para se infiltrar no Partido dos Panteras Negras a fim de descobrir seus planos e derrubar a figura proeminente de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), ativista e revolucionário que graças a sua eloquência chegou a ser líder da filial de Illinois do partido.
Kaluuya entrega toda potência da figura messiânica de Hampton, com seus discursos inflamados e sua presença em tela, contrastando muito com seu lado mais tímido em sua vida privada. Apesar de ser considerado um Messias, o filme consegue humaniza-lo ao mostrar e aprofundar sua relação com Deborah (Dominique Fishback).
Já o O’Neal de Stanfield que carrega todo o peso de ser chamado de Judas, mostra a transição perfeita daquele individuo que aceita sua missão por medo, mas que a cada passo começa a criar vínculos e questionar se o seu bem estar vale a causa maior defendida por Hampton. Vale notar que apesar de tudo ele nunca é colocado como grande vilão, e sim apenas um peão movimentado pelo governo aqui muito bem representados pelo agente do FBI Roy Mitchell (Jesse Plemons) e J. Edgar Hoover (Martin Sheen).
O diretor e co-roteirista Shaka King consegue criar uma boa tensão ao longo do filme e os momentos de brilho são nos discursos de Hampton, com seus closes e contra planos que mostram a multidão atônita com suas palavras.
Num momento em que o abuso policial e o movimento Black Lives Matter está em grande evidência, Judas e o Messias Negro chega para fomentar ainda mais o debate, não deixando esse capítulo da história cair em esquecimento.
Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.