Um dos maiores marcos da cultura pop, uma das maiores comoções de fãs em prol de algo e sem dúvida alguma uma das maiores jogadas de marketing da indústria do streaming (apenas tecnicamente falando), essa é a Liga da Justiça de Zack Snyder, o famigerado Snyder Cut do filme lançado em 2017, quando o então diretor teve que se afastar do projeto por problemas pessoais e não teve seu corte final indo para os cinemas.
E sejamos claros, a Warner deu carta branca para Snyder remontar seu filme não por uma crise de consciência, pedindo desculpas e assumindo o erro cometido lá atrás, mas pelo fato de querer atrair os fãs sedentos para o HBO Max, que vem tendo um resultado bem abaixo dos concorrentes até o momento. E mesmo assim a estratégia não é das mais brilhantes, visto que grandes mercados consumidores, como o Brasil, sequer tem o serviço disponível. Dito isto, vamos ao que interessa, o filme em si.
Após a morte do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) parte em busca de outras pessoas superpoderosas a fim de criar um grupo capaz de deter uma eminente invasão alienígena encabeçada pelo Lobo da Estepe (Ciarán Hinds). Com a ajuda da Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Bruce tenta convencer The Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Cyborg (Ray Fischer) a se aliarem a eles.
A premissa é a mesma do filme anterior porque apesar de ter o dobro de tempo, ainda é basicamente o mesmo filme. O que ganhamos aqui é um filme melhor acabado, com boa melhoria nos efeitos especiais e uma edição muito mais caprichada, diferente do primeiro filme que parecia uma colcha de retalhos.
O Lobo da Estepe teve seu visual repaginado, com melhor acabamento dando um ar mais ameaçador, e até seu arco narrativo ficou mais claro, ele pisou na bola feio com Darkseid (voz de Ray Porter) e quer entregar o planeta Terra de bandeja para seu superior. Como ele é muito sortudo, por acaso do destino, a Equação Anti-vida esta aqui também, e nada poderia deixar o mandachuva de Apokolips mais satisfeito. Pena que o maior vilão da DC faz praticamente uma participação especial, quem comanda toda a ação ainda é o Lobo da Estepe.
Como dito anteriormente, por conta da edição, a narrativa flui melhor, várias piadas pouco inspiradas são limadas, passagens sem sentido como a família russa são muito bem retiradas e o grande beneficiado é o Cyborg. Não é de se admirar que Ray Fischer era o principal entusiastas do Snyder Cut. O arco do personagem havia sido retalhado, toda a relação com sua mãe deixada de lado, e agora sim temos uma visão mais ampla do personagem e um desfecho mais impactante da sua relação com o pai.
Fora isso não há muito que acrescentar dos personagens, uma cena a mais da Mulher-Maravilha descobrindo sobre a invasão após o alerta das Amazonas, que havia sido mostrada em teasers, uma pequena cena do Aquaman com Vulko (Willem Dafoe) e o Flash salvando Iris West (Kiersey Clemons), numa cena um tanto quanto ridícula. Aliás o Flash é a prova que nem tudo pode ser salvo, o personagem continua intragável, mesmo tendo melhorado um pouco.
Apesar das melhorias ainda há coisas decepcionantes aqui, começando pelo Caçador de Marte (Harry Lennix), que consegue aparecer menos que o Darkseid, e enquanto o pau tá torando numa invasão alienígena ele é apenas coach motivacional da Lois Lane (Amy Adams) e só depois de tudo resolvido ele vai trocar uma ideia com o Batman, que também mostra um pouco de incompetência em localizar seres poderosos ao deixar passar um marciano disfarçado entre nós, talvez tenha faltado preparo pra ele.
Agora, sem dúvida nenhuma a parte mais broxante de todas é o sonho pós-apocalíptico do Batman, que originalmente apareceu só em Batman vs. Superman, e aqui prometia algo impactante pela antecipado retorno de Jared Leto como Coringa. Usada basicamente como uma cena pós-crédito de uns 5 minutos, ela é apenas o suprassumo do fan service sem motivo algum, visto que muito dificilmente teremos uma continuação onde este pesadelo possa ser de fato explorado.
No fim das contas, a Liga da Justiça de Zack Snyder, mostra que com um pouco mais de cuidado o filme original da Liga poderia ter sido bem melhor, mas mesmo assim em sua essência, é o mesmo, apenas mais sóbrio e com várias cenas extras, botando um fim (?) a era Snyder na DC.
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