Lilo & Stitch é a nova adaptação live-action produzida pela Disney baseada na sua já clássica animação do ano 2002. Dentre os filmes lançados pelo estúdio nesse período, no início dos anos 2000, esse foi de longe o de melhor repercussão, e posteriormente ganhou ainda mais força com reprises e série de tv própria. Isso mostra que existe uma base muito forte para o projeto, mas será que é o suficiente?
Na trama do filme, Lilo (Maia Kealoha), uma garota havaiana, acolhe Stitch (Chris Sanders), um alienígena considerado um dos criminosos mais perigosos da galáxia, disfarçado como um cachorro comum. As coisas complicam quando Stitch começa a ser procurado por outros aliens e vira sua vida de cabeça pra baixo.
Um dos grandes desafios era fazer a mistura de live-action com CGI funcionar bem, e não deixar o querido alien estranho, já que a relação dele com Lilo é o coração do filme precisamos acreditar que ele é real e não apenas um boneco em tela. E quanto a isso o filme é competente, Stitch está ótimo, seu carisma é único e a química com Lilo funciona. Em compensação existem outros momentos em que o complemento gráfico é muito ruim, como por exemplo na cena em que Stitch rouba o carro elétrico de uma criança.
O filme é muito inconsistente na direção e composição de cenas. Uma hora são tomadas bonitas, usando o contraluz e o cenário da ilha havaiana, outras são muito mal feitas, sem o mínimo de cuidado, parecendo até algo feito direto para streaming. Isso pode ser reflexo da inexperiência do diretor Dean Fleischer Camp, que vez vários curtas e coisas para tv, mas no cinema despontou em 2021 com o ótimo Marcel, a Concha de Sapatos. Muito pouco do que chamou a atenção do grande publico em Marcel pode ser visto em sua versão de Lilo & Stitch.
Os cenários, a utilização das músicas, a montagem, a cenografia, tudo parece meio sem vida, ainda mais se comparado a animação. Dito isso, o elemento emocional, tanto entre Nani (Sydney Agudong) e Lilo, e da irmã caçula com Stitch está presente, mas é algo apenas replicado do material original.
Existem algumas pequenas mudanças na história, omissão de personagens, adição de outros, nada que mude drasticamente a narrativa, mas a grande questão na minha opinião é uma aparente revisão dos diálogos para deixar tudo ainda mais family friendly. A piada da Lilo falando com a assistente social sobre os absurdos que acontecem na casa perde metade da graça, por exemplo. Obviamente coisas que faziam sentido no começo dos anos 2000 podem não fazer mais, e é importante fazer algumas revisões, mas tirar tudo completamente tira a carga caótica do desenho.
A utilização de Billy Magnussen e Zach Galifianakis como Pleakley e Jumba, que no desenho são aliens integralmente e aqui aparecem disfarçados de humanos a maior parte do filme, é muito questionável. Parece mais uma decisão para cortar custos de CGI do que algo que agregue aos personagens, até porque Galifianakis está atuando no automático, sem qualquer tipo de carisma. Magnussem se esforça, mas é apenas um alívio cômico questionável.
No final das contas essa nova versão de Lilo & Stitch é esquisita, dividida entre alguns momentos divertidos e emocionais e outros sem graça e mal acabados, vale pela curiosidade, mas sem dúvida alguma fica devendo muito para desenho original.
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