PUBLICADO EM 14/03/2025

Milton Bituca Nascimento

 

Milton Bituca Nascimento

Milton Nascimento é um dos maiores artista brasileiros de todos os tempos, e dentro de uma cultura tão rica ele conseguiu ser único, seja por sua voz, jeito de cantar ou composições, que sempre trazem algo muito especial.

O documentário dirigido por Flávia Moraes acompanha a turnê de despedida de Milton Nascimento. Filmado ao longo de dois anos, o longa registra os últimos shows de “Bituca”, como é carinhosamente conhecido, e captura a profunda conexão entre o artista e seus fãs.

Logo de princípio percebemos que há um grande problema de foco no filme. A grande turnê de despedida que passa pela Europa, EUA e finalmente no Brasil, é entrecortada com depoimentos de pessoas ilustres, como Chico Buarque, Gilberto Gil, João Bosco, Caetano Veloso, além de Herbie Hancock, Pat Metheny, Quincy Jones e uma até uma breve participação de Spike Lee. A questão é que esses depoimentos ficam tentando desvendar toda uma mística criada em torno da figura de Milton, e toda hora os estrangeiros ficam comparando Milton com grandes nomes do jazz.

Parece que toda hora é preciso uma validação de grandes nomes da música americana para demonstrar como Milton era gigante. É repetido mais de uma vez que eles não entendem uma palavra de português, e mesmo assim conseguem sentir o quanto sua música e melodia os tocam profundamente. Acaba sendo algo totalmente desnecessário, e parece ser feito apenas pra “gringo ver”, como se tentasse apresentar e explicar quem é Milton para alguém não brasileiro.

O documentário é narrador por ninguém menos que Fernanda Montenegro, o que é incrível, mas o texto proposto muitas vezes é redundante ou um pouco piegas. Ao invés de aproveitar o próprio Milton e cenas de bastidores da turnê, o documentário fica dando voltas em torno dessa mística criada em torno do artista e por algum motivo tentando explicá-lo, só pra no fim concluir que não há explicação nenhuma, e que seu talento é transcendental.

Quando vemos Milton em cena e no palco é algo sublime, mesmo com seus 80 anos e dificuldades de locomoção, sua vivacidade e talento são hipnotizantes. Percebemos que ele está feliz de estar ali e de poder ter esse momento grandioso de despedida com o público e fazendo o que mais amou sua vida toda. E poder ter a chance de homenageá-lo ainda em vida é algo muito bonito, mas faltou justamente aproveitar esse lado mais humano do artista.

Entre idas e vindas, as vezes aleatórias, falando sobre sua trajetória desde o início da carreira, a turnê final e alguns momentos marcantes entre tudo isso, o documentário se perde em sua proposta inicial e acaba tentando abocanhar muita coisa em pouco tempo. Em meio a tantas imagens lindas e depoimentos interessantes a montagem não conseguiu dar estrutura e foco ao projeto. Milton é grande demais para isso que foi apresentado.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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