Depois de muita espera, temos Mulher-Maravilha 1984 entre nós, meio que pra tentar salvar o péssimo ano de 2020. E logo após a primeira cena, mostrando um flashback da infância de Diana, temos nossa protagonista inserida nos anos 80 salvando o máximo de pessoas que consegue. O visual colorido e a ação meio espalhafatosa e infantil, determinam a tônica do filme. Se você curtir essa proposta ok, caso contrário, irá se decepcionar.
A primeira hora do filme serve para estabelecer Diana nesse cenário, onde ela ainda tenta passar anônima e trabalhar no museu, onde conhece Bárbara Minerva (Kristen Wiig), nova funcionária, com problemas de socialização e autoestima. Apesar de ser clichê, Wiig consegue tirar o melhor de sua personagem, estabelecendo uma química genuína com Gal Gadot. A transformação aos poucos da personagem em Mulher-Leopardo é bem feita, sem dúvida um dos pontos altos do longa.
Por outro lado temos a outra grande ameaça do filme, Max Lord. Claramente o direcionamento para atuação de Pedro Pascal foi dele ser caricato, daqueles sujeitos extravagantes que querem ganhar tudo na lábia, até ai tudo bem. O problema é o direcionamento que seu personagem vai tomando ao longo do filme. É estabelecido um plano megalomaníaco digno de vilão dos Power Rangers, com decisões que põem em questionamento sua inteligência e um desfecho pouco satisfatório.
Mesmo com toda a proporção absurda que a situação vai tomando, você pode relevar certas coisas, mas não a abordagem precária da Guerra Fria e dos conflitos militares. Se você se propõem a tocar esses assuntos é melhor fazer bem feito, até mesmo porque acaba destoando de todo o clima good vibes e descompromissado proposto lá no início.
Gal Gadot, está muito a vontade no papel e a dobradinha com Chris Pine funciona novamente, mas fora os artifícios de roteiro que fazem sua presença lá ser importante, não há desenvolvimento na relação deles, continua a mesma coisa.
As cenas de ação são boas, mas nada que chegue a ser marcante, tirando as tomadas aéreas, onde Patty Jenkins parece mostrar um capricho especial. Há também diversos easter eggs que vão deixar os fãs de longa data dos quadrinho e do antigo seriado de tv bem felizes.
Mulher-Maravilha 1984 tem seus momentos divertidos, mas peca por esquecer disso na metade final da exibição. Super inflado nas suas duas horas e meia de filme, ele se perde tentado ser mais do que realmente é.
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