PUBLICADO EM 19/08/2022

Não! Não Olhe!

 

Não! Não Olhe!

Não! Não Olhe! aguardado novo filme do cineasta Jordan Peele, que desde Corra! (2017) e depois em Nós (2019), vem revolucionando o gênero conhecido como pós-terror, chega com o que há de melhor em seu cinema, explorando novos temas, e de forma mais grandiosa.

Na trama, O. J. (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer) assumem o negócio de adestradores de cavalos para cinema após o morte de seu pai (Keith David). Mas as coisas começam a se complicar quando situações estranhas começam a acontecer em seu rancho no interior da Califórnia.

Assim como nos filmes anteriores de Peele, os comentários sobre questões raciais estão presentes e dessa vez falando da própria indústria cinematográfica, ao abordar o que é considerado o primeiro filme da história, o “O Cavalo em Movimento“, onde vemos um jóquei negro montando um cavalo se repetindo em looping.

E talvez esse seja o filme do diretor mais sútil neste aspecto, o começo principalmente, depois o teor mais épico e apoteótico acaba tomando conta acima dessas questões, o que talvez seja um demérito para alguns.

Este é o típico filme que quanto menos você souber melhor, inclusive é aconselhável evitar o trailer final, pois muitas vezes na ânsia de promover o produto a experiência acaba sendo prejudicada. E não que exista grandes revelações sobre a possível ameaça, mas toda a construção de suspense misturada com terror é feita de forma tão satisfatória por Peele, que vale a pena chegar as escuras no longa.

Também é possível ver uma evolução entre as transições de gênero do cineasta, que mistura suspense, terror, comédia, ficção científica e até uma pitada de faroeste com maestria, com um destaque para as piadas, que são mais difíceis de encaixar num filme mais sombrio, mas que funcionam pelo menos 90% das vezes.

Daniel Kaluuya, indicado ao Oscar por Corra, e vencedor do prêmio por Judas e o Messias Negro (2021), tem uma atuação mais contida, lembrando mais sua primeira parceria com o diretor, mas sem ser tão exigido dramaticamente. Keke Palmer traz um ótimo contraponto interpretando sua irmã, bem mais expansiva e comunicativa. Steven Yeun por sua vez interpreta o enigmático Ricky ‘Jupe’ Park, com um background realmente interessante, e que até poderia ter sido mais explorado.

Peele não está nem um pouco interessado em tentar explicar demais sobre a ameaça, mas sim como pessoas comuns se comportariam diante de uma situação tão extrema, e a resposta não poderia ser mais honesta possível.

A experiência em IMAX de fato acrescenta bastante ao longa, que tem uma trabalho de som incrível, e imagens abertas no deserto que te fazem imergir naquela paisagem. Existem muitas cenas de noite, mas em nenhum momento isso dificulta o entendimento do que está acontecendo ou é usado de muleta para esconder algo, Peele tem controle total do que mostrar e quando mostrar.

Não! Não Olhe! acaba sendo inesperadamente grandioso partindo de um ponto tão pequeno e comum, mostrando uma versatilidade de Peele muita bem-vinda.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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