Nomadland vem fazendo o circuito de festivais internacionais e independentes, acumulando inúmeros prêmios, com destaque para o Leão de Ouro, principal categoria do Festival de Veneza. Isso o coloca como favorito nas principais categorias do Oscar 2021, com muita justiça.
O longa acompanha Fern (Frances McDormand), que após o colapso econômico de uma colônia industrial na zona rural de Nevada (EUA), reúne suas coisas em uma van e parte rumo a uma viagem exploratória, fora da sociedade dominante, como uma nômade dos tempos modernos.
Nessa road trip vamos aos poucos conhecendo nossa protagonista, que vive passando por empregos temporários para sobreviver. Fern é uma pessoa genuinamente simpática, as vezes meio fechada mas que tem um grande coração. A atuação de McDormand é essencialmente perfeita, transbordando naturalidade em cada detalhe, ainda mais quando percebemos que 90% das pessoas com quem ela contracena não são atores profissionais, são pessoas reais compartilhando suas histórias e experiências de vida. Nas mãos erradas poderia ser literalmente amador, mas neste caso, isso apenas agrega uma camada profunda de sinceridade a história.
A diretora Chloé Zhao, que também adaptou o livro de Jessica Bruder para o roteiro, tem o domínio total da sua narrativa, sabendo momento de acompanhar Fern ou deixar a câmera parada apenas observando. É muito interessante ver a alternância entre as cenas fechadas dentro da van e as enormes e paisagens pelo interior dos EUA, lindamente emolduradas pelo diretor de fotografia Joshua James Richards.
Apesar de ser um drama, Nomadland consegue ser leve e extremamente reflexivo sobre as formas de consumo da nossa sociedade, liberdade e o conceito de lar, que definitivamente é muito mais que um lugar físico. Longe de querer idealizar ou demonizar este estilo de vida nômade, o longa oferece um vislumbre muito verdadeiro de como essas pessoas vivem. Sensível e visualmente muito bonito, Nomadland merece muito mais do que qualquer prêmio, a atenção do público.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
