PUBLICADO EM 26/12/2024

Nosferatu

 

Nosferatu

Robert Eggers é um diretor já consagrado por seus filmes de terror psicológico como A Bruxa (2015), O Farol (2019) e em partes O Homem do Norte (2022), e decidiu encarar a responsabilidade de fazer uma nova versão de Nosferatu, clássico do expressionismo alemão de 1922, que por sua vez é uma versão do Drácula de Bram Stoker.

Esta nova versão do clássico pode ser descrita como um conto cinematográfico gótico sobre a obsessão entre uma jovem mulher amedrontada (Lily-Rose Depp) e o aterrorizante vampiro (Bill Skarsgård) apaixonado por ela, indiferente ao rastro do mais puro horror que deixa em seu caminho em direção a ela.

Eggers não se preocupa em criar algo totalmente novo, ele faz uma ambientação impecável com muito uso de luz natural e chiaroscuro, fazendo um certo mistério inclusive com o visual da criatura, que só aparece em sua totalidade no final do filme. Dá até a impressão de que se pudesse, teria sido feito totalmente em preto e branco, se isso não fosse espantar um pouco o público mais casual.

A forma como o diretor utiliza a sombra do Conde Orlok sobrepondo as pessoas e a cidade, mostrando sua influência e seu domínio sobre eles é simples mas extremamente charmosa e eficiente.

As atuações são um destaque a parte, com Lily-Rose Depp sendo uma revelação. O que ela faz aqui tanto na parte dramática quanto no terror corporal é incrível. Ela transmite toda a dor, medo, confusão e desejo sentidas por sua personagem de forma muito visceral. Skarsgård por sua vez está simplesmente irreconhecível, graças a ajuda de toda maquiagem próteses e um trabalho de pós produção até na sua voz. Nicholas Hoult e Willem Dafoe são outros destaques, principalmente quando assumem a responsabilidade de enfrentar este mal presente em suas vidas.

Eggers vai muito além de uma mera inspiração e faz de fato um filme totalmente gótico, talvez até pecando pelo excesso, já que o longa tem uma pequena barriga no seu segundo ato. De qualquer forma é louvável que exista alguém desta nova geração de realizadores que prese tanto por essa construção de estilo cinematográfico e esteja conseguindo cada vez mais espaço para realizá-lo.

Talvez a maior intervenção do diretor na sua versão seja a exploração do desejo sexual entre a criatura e Ellen como objeto de seu desejo carnal, e não apenas como uma presa. O fato desse desejo causar danos psicológicos e físicos na moça  e um rastro de destruição pela cidade acentua o horror inerente a situação.

Nosferatu de 2024 é uma grande homenagem ao cinema como um todo, com alguns toques pessoais de Eggers, que é um apaixonado pelo cinema de terror e coloca todo esse amor em tela, cuidando de cada detalhe da produção com muito carinho, e nos fazendo enxergar a beleza do horror.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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