A nova série da Netflix chega num momento muito especial para os fãs de super-heróis, que estão vendo várias adaptações de qualidade para as telas de tv, além de ser a primeira parceria entre a gigante do serviço de streaming e Mark Millar, que já viu outros de seus trabalhos em quadrinhos ganharem adaptações cinematográficas como Kick-Ass e Kingsman.
Acontece que essa expectativa de uma nova grande produção de super-heróis para concorrer na guerra dos streamings cai por água abaixo logo nos primeiros minutos de O Legado de Júpiter.
Na trama acompanhamos Utópico (Josh Duhamel), lendário super-herói que já está em idade avançada e tem problemas em tentar passar o seu legado heroico para uma nova geração de heróis, incluindo seus filhos, Brandon (Andrew Horton) e Chloe (Elena Kampouris), que ou não se sentem prontos para alcançar o mesmo nível do pai ou não concordam com os preceitos datados do pai.
Em meio aos casos de família no presente, que ainda incluem a esposa de Utópico, Grace (Leslie Bibb) e seu irmão Walter (Ben Daniels), também super-heróis, voltamos para o passado em flashbacks para descobrir como um jovem Sheldon Sampson e seus amigos ganharam seus poderes.
Apesar da trama ser levemente interessante e trazer questionamentos pertinentes sobre a responsabilidade dos heróis com a sociedade e como devem se portar para dar o exemplo, tudo isso fica jogado de lado por conta da falta de cuidado da produção. Todos os aspectos técnicos deixam a desejar, quando não são simplesmente risíveis.
Logo de cara notámos uma estranheza na maquiagem de envelhecimentos dos atores no presente, que dependendo do ângulo ou da luz fica claro a fala de capricho. O figurino também é pouquíssimo inspirado, parecendo algumas vezes um cosplay. As cenas de luta são muito mal coreografadas e filmadas, e quando unidas a efeitos especiais que seriam datados lá no começo dos anos 2000, a única comparação que vem em mente é com a novela Mutantes: Caminhos do Coração da Rede Record.
Outros aspectos que conseguem piorar a experiência é a trama espichada ao máximo e a edição sem sentido. Parece que tudo foi inchado para ocupar os oito episódios, quando poderia ter sido resolvido na metade disso. É comum sentir que a história fica dando voltas sem sentindo e repetindo os assuntos a exaustão. Por sua vez a edição que fica indo e voltando entre passado e presente parece aleatória, não conseguindo fazer seus temas conversarem ou apenas picotando a narrativa e quebrando ritmo.
Com algumas atuações aceitáveis e outras no máximo esforçadas, sofrendo com a falta de algum tipo de direcionamento mais definido, é possível chegar ao final da temporada e se deparar com um plot twist no estilo miojo, que fica pronto em três minutos. Para que O Legado de Júpiter continue será necessário que a Netflix perceba que não só o hype ou o assunto do momento sustentam algo, é preciso o mínimo de cuidado e atenção com seu produto, ainda mais com várias outras produções de temática semelhante anos luz a frente.
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