Mais uma adaptação live-action de um clássico da Disney chega até o público, desta vez direto para o serviço de streaming Disney+. Bom diretor, bom elenco, uma base já consolidada e conhecida, o que poderia dar errado?
A algum tempo é questionada qual é a real necessidade das versões live-action feitas pela Disney, e sempre a maior desculpa seria atualização de uma obra clássica para uma nova geração, o que pode ser válido até certo ponto, mas não é de hoje que estas novas versões deixam muito a desejar neste quesito, e Pinóquio pode ser considerado uma das piores adaptações até o momento.
Na trama temos o adorável boneco de madeira (voz de Benjamin Evan Ainsworth) criado pelo solitário Geppetto (Tom Hanks), que sonha em ser um menino de verdade, para tanto ele precisa mostrar seu valor com a ajuda da Fada Azul (Cynthia Erivo) e o Grilo Falante (voz de Joseph Gordon-Levitt).
O longa segue quase que a risca a animação de 1940, inclusive em seu ritmo inexplicavelmente lento, principalmente no começo, e talvez sendo até pior, pois o live-action tem pelo menos 20 minutos a mais de duração, sem nenhuma justificativa plausível.
Existem cenas que são simplesmente copiadas da animação original, mas sem o mesmo charme. Alguns personagens são adicionados, mas não fazem a menor diferença, e os já conhecidos tampouco causam algum impacto, como o caso da Fada Azul, que praticamente é uma participação especial, quando deveria ser alguém de suma importância na jornada de descobrimento e transformação do protagonista.
Tom Hanks está bem como Geppetto, e parece que até havia uma tentativa que trazer alguma profundidade ao personagem no começo, mas isso aparentemente é abandonado ao longo do processo. Assim como muitas coisas, personagens vão e vem e nada parece ter muita consequência. Esse tipo de estrutura poderia ser ok em 1940, mas em pleno 2022, está longe de ser algo agradável de se acompanhar, se torna apenas enfadonho.
O CGI do Pinóquio é bom, e algumas passagens são bem feitas, mas em outras parece que faltou orçamento, como na cena final na baleia, que deveria ser bem mais impactante, chama atenção apenas pela falta de capricho.
Como toda fábula ou conto de fadas antigo o viés moralista está presente aqui, e existia espaço para discutir conceitos de certo e errado, fama, a consequências de escolhas ruins, mas tudo é tão superficial e passa tão batido, que parece que falta coragem para os realizadores, o diretor e roteirista Robert Zemeckis e o roteirista Chris Weitz, ou que a mão forte dos produtores interviram para amenizar estes aspectos do filme.
Mas absolutamente nada é pior do que o final deste Pinóquio. Abrupto, sem emoção, com uma decisão inexplicável, que parece deixar o filme incompleto e sem peso nenhum, completamente esquecível e injustificável.
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