PUBLICADO EM 26/09/2023

Resistência

 

Resistência

Apesar de não ser muito prolífico, o cineasta Gareth Edwards vem em uma crescente em sua carreira, após Monstros de 2010, onde seu nome ficou mais conhecido, ele fez apenas Godzilla em 2014 e o ótimo Rogue One: Uma História Star Wars em 2016, e com Resistência (The Creator em inglês), ele entrega seu melhor filme até aqui.

Na trama, em um futuro distópico onde a guerra entre a humanidade e a inteligência artificial se desenrola, Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais endurecido pela perda de sua esposa (Gemma Chan), é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a guerra e, consequentemente, com toda a humanidade.

Está é uma ficção científica com uma ótima base, criando um cenário bastante crível inclusive com os rumos que a tecnologia vem tomado hoje em dia. Ela preenche todos os requisitos, de extrapolar a realidade em que vivemos para comentar e criticar coisas que já vivemos no nosso cotidiano em menor escala.

A fotografia e os efeitos visuais são excelentes, algo que está ficando muito difícil de acontecer com a precarização da pós-produção em Hollywood. O design de produção também é incrível, com os robôs e os veículos tendo muita personalidade. Seria muito fácil cair numa armadilha de fazer algo meio Star Wars, ainda mais o diretor tendo feito um filme nesse universo, mas aqui ele busca uma base bem mais cyberpunk.

A trilha sonora de Hans Zimmer, dá o tom épico e de tensão necessário nas grandes cenas, assim como consegue acolher com momentos mais emocionais.

John David Washington tem finalmente a chance de brilhar como protagonista de um longa de ação/ficção científica, já que Tenet (2020) não lhe fez jus. Ele consegue transitar pela ação, o drama e até por momentos mais descontraídos. Mas sem dúvida o que mais se destaca mais é sua relação com a pequena e carismática Alphie (Madeleine Yuna Voyles). Pode parecer clichê depois de tantos bons exemplos com esse tipo de dinâmica entre um cara durão e uma criança, que vai acabar amolecendo seu coração (Logan, The Last of Us), mas a verdade é que quando temos a química e a construção de personagens necessária, funciona demais.

O filme é dividido em capítulos, que deixam bem definidos começo, meio e fim, e usa alguns flashbacks pontuais, muito bem encaixados, para compreendermos as dinâmicas entre certos personagens. Existem vários conceitos sobre o uso de robôs e Inteligência Artificial, políticas de guerra e descriminação, mas apesar disso a grande força motriz do filme é algo bem mais “simples”: o amor.

O amor perdido, capaz de gerar amargura e a esperança de reencontrá-lo, o amor paternal que surge, mas acima de tudo o amor empático, capaz de nos colocar no lugar do próximo, que nos permite coexistir enquanto sociedade. O grande trunfo de Resistência, é saber que seus personagens e suas emoções, são tão importantes quanto a ação, as explosões e as naves, que são de fato ótimas, mas que sozinhas seriam uma linda casca vazia.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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