Apesar de não ser muito prolífico, o cineasta Gareth Edwards vem em uma crescente em sua carreira, após Monstros de 2010, onde seu nome ficou mais conhecido, ele fez apenas Godzilla em 2014 e o ótimo Rogue One: Uma História Star Wars em 2016, e com Resistência (The Creator em inglês), ele entrega seu melhor filme até aqui.
Na trama, em um futuro distópico onde a guerra entre a humanidade e a inteligência artificial se desenrola, Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais endurecido pela perda de sua esposa (Gemma Chan), é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a guerra e, consequentemente, com toda a humanidade.
Está é uma ficção científica com uma ótima base, criando um cenário bastante crível inclusive com os rumos que a tecnologia vem tomado hoje em dia. Ela preenche todos os requisitos, de extrapolar a realidade em que vivemos para comentar e criticar coisas que já vivemos no nosso cotidiano em menor escala.
A fotografia e os efeitos visuais são excelentes, algo que está ficando muito difícil de acontecer com a precarização da pós-produção em Hollywood. O design de produção também é incrível, com os robôs e os veículos tendo muita personalidade. Seria muito fácil cair numa armadilha de fazer algo meio Star Wars, ainda mais o diretor tendo feito um filme nesse universo, mas aqui ele busca uma base bem mais cyberpunk.
A trilha sonora de Hans Zimmer, dá o tom épico e de tensão necessário nas grandes cenas, assim como consegue acolher com momentos mais emocionais.
John David Washington tem finalmente a chance de brilhar como protagonista de um longa de ação/ficção científica, já que Tenet (2020) não lhe fez jus. Ele consegue transitar pela ação, o drama e até por momentos mais descontraídos. Mas sem dúvida o que mais se destaca mais é sua relação com a pequena e carismática Alphie (Madeleine Yuna Voyles). Pode parecer clichê depois de tantos bons exemplos com esse tipo de dinâmica entre um cara durão e uma criança, que vai acabar amolecendo seu coração (Logan, The Last of Us), mas a verdade é que quando temos a química e a construção de personagens necessária, funciona demais.
O filme é dividido em capítulos, que deixam bem definidos começo, meio e fim, e usa alguns flashbacks pontuais, muito bem encaixados, para compreendermos as dinâmicas entre certos personagens. Existem vários conceitos sobre o uso de robôs e Inteligência Artificial, políticas de guerra e descriminação, mas apesar disso a grande força motriz do filme é algo bem mais “simples”: o amor.
O amor perdido, capaz de gerar amargura e a esperança de reencontrá-lo, o amor paternal que surge, mas acima de tudo o amor empático, capaz de nos colocar no lugar do próximo, que nos permite coexistir enquanto sociedade. O grande trunfo de Resistência, é saber que seus personagens e suas emoções, são tão importantes quanto a ação, as explosões e as naves, que são de fato ótimas, mas que sozinhas seriam uma linda casca vazia.
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