PUBLICADO EM 21/04/2024

Rivais

 

Rivais

Em Rivais, novo filme do diretor Luca Guadagnino (Até os Ossos, Me Chame Pelo Seu Nome), ele transforma o tênis, um dos esportes que mais carece de emoção, em algo tenso e sensual.

Casada com o campeão Art Donaldson (Mike Faist), que tem acumulado apenas derrotas nos últimos jogos, a estratégia de Tashi (Zendaya) para a redenção de seu marido toma um rumo surpreendente quando ele deve enfrentar o fracassado Patrick (Josh O’Connor) nas quadras. Patrick foi o melhor amigo de seu marido, e é ex-namorado de Tashi. Quando o passado e o presente entram em colisão, e as tensões aumentam, Tashi deve se perguntar qual será o custo dessa vitória.

Já de inicio é preciso destacar a montagem do filme, pois somos jogados no meio de uma partida de tênis logo de cara, e para entender todas as suas implicações é necessário voltar 13 anos no passado quando Art e Donaldson ainda eram jovens amigos. Ficamos nesse vai e vem de presente e diferentes pontos do passado, sempre vamos direto ao ponto, nunca tentando complicar mais do que o necessário.

Isso se deve provavelmente porque o que realmente interessa são os conflitos e as emoções humanas. Jovens promessas do tênis que passam por euforia, desejo, tesão, frustação e raiva. As vezes com elas aflorando, outras sendo reprimida, e tudo isso gera um impacto, seja a curto ou longo prazo.

Guadagnino sabe que a única maneira de tornar uma partida de tênis empolgante seria transformá-la num anime, como isso não caberia neste estilo de filme ele opta por focar em planos detalhes, closes, olhares tanto dos competidores quanto de quem está de fora, tudo isso carregado com a tensão não da partida em si, mas com o peso emocional que ela carrega. Mas ele também tenta ser arrojado com alguns planos aéreos e como se a bola própria bola fosse a câmera, e ai talvez ele tenha sido arrojado demais.

As atuações do trio principal são ótimas, quando voltamos ao passado é possível perceber como eles estão mudados, e não pelo cabelo ou figurino, pois nisso talvez o filme deixe um pouco a desejar, mas pelo jeito que eles se comportam. Em determinados momentos é possível sentir a tensão sexual no ar, em outros só a tensão mesmo. A condução do diretor é tão hipnotizante que é com estar acompanhando uma novela das nove ao longo de duas horas muita envolventes.

Esse talvez seja o trabalho menos contemplativo de Guadagnino, existe um maior apelo popular que é potencializado com a trilha sonora empolgante de música eletrônica composta por Trent Reznor e Atticus Ross, mas é empolgante vê-lo fazendo isso com tanta qualidade e sem medo.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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