Super/Man: A História de Christopher Reeve é o documentário sobre o ator que marcou gerações interpretando o maior super-herói de todos os tempos. Produzido e financiado por uma equipe muito experiente no gênero, esta é curiosamente a primeira produção de cinema que leva a logo DC Studios, divisão presidida por James Gunn e Peter Safran, que dá novo direcionamento para os personagens da DC nos cinemas e tv. Acaba sendo simbólico que esta nova fase precise olhar com carinho para trás antes de seguir em frente.
O filme mostra a ascensão surpreendente do ator desconhecido a astro de cinema, com sua interpretação insuperável de Clark Kent/Superman. Reeve interpretou o personagem em quatro filmes, antes de se ferir em um acidente de equitação quase fatal em 1995, que o deixou paralisado do pescoço para baixo. Depois de se tornar tetraplégico, ele se tornou um líder carismático e ativista na busca de uma cura para lesões na medula espinhal, bem como um defensor apaixonado dos direitos e cuidados das pessoas com deficiência – tudo isso enquanto continuava sua carreira no cinema na frente e atrás das câmeras e se dedicava à sua família.
O longa tem direção de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, e conta com cenas icônicas de Reeve no cinema, filmes caseiros nunca vistos antes, imagens do arquivo pessoal da família de Reeve, além de entrevistas com os filhos do ator e com colegas de elenco e diretores que trabalharam ao seu lado. Mesmo pra quem já conhece a história do ator, há uma variedade de material riquíssima a disposição dos realizadores, que fazem uma ótima montagem, sabendo o momento certo de fazer uma inserção ou ilustrar algum depoimento, enriquecendo e atenuando ainda mais as emoções do que é dito.
Se a história de Reeve se limitasse apenas a sua ascensão como ator interpretando o Superman, já haveria muito conteúdo para um bom documentário, mas o trágico acidente quase fatal adiciona uma nova camada para sua trajetória. Mas não pelo acidente em si, que teve repercussão mundial, mas por tudo que aconteceu após. A disposição de Reeve em seguir em frente e não desistir, mesmo com sua condição muito delicada, inspirando e tentando melhorar a vida de pessoas que tinham os mesmos problemas graças a sua fama e alcance.
Seria muito fácil o documentário entrar num terreno extremamente apelativo, explorando a desgraça do acidente, mas o tom quase sempre é inspiracional e naturalmente emocionante. Mesmo pra quem não é grande fã do ator ou não tenha acompanhado de perto sua trajetória, é impossível não ficar de olhos marejados com algumas passagens do filme. Especialmente com alguns depoimentos dos seus filhos e amigos próximos como Glenn Close, Susan Sarandon e Jeff Daniels. Várias desses depoimentos de seus amigos também trazem uma leveza e humor.
É impossível não citar também a presença de Robin Williams. Falecido em 2014, o ator foi colega de quarto de Reeve na faculdade e se tornou seu melhor amigo desde então. As imagens de arquivo e entrevistas dele, mostram sua abordagem com o amigo em relação ao acidente, sempre com bom humor, tentando elevar o espírito do colega, mesmo que ele próprio passasse por momentos difíceis. É sem dúvida um dos momentos mais tocantes do documentário.
O filme aborda também de leve momentos não tão bons de sua vida, como a falta de outros sucessos comerciais além dos filmes do Superman, e a própria queda de qualidade dessas produções, a relação complicada com seu pai, o seu divórcio da primeira esposa e até algumas críticas sob a sua abordagem sobre a cura para a paralisia.
Existem algumas inserções em CGI de uma estátua do Superman, que vai se quebrando e deteriorando, mostrando que até o Homem de Aço não é invencível, que no geral eu achei meio brega, mas que querendo ou não cumprem sua função. O documentário no geral segue o padrão normal de mesclar imagens de arquivo com as entrevistas, mas não conta a história de Reeve em uma ordem totalmente linear, há algumas idas e vindas, que tornam o ritmo muito prazeroso de acompanhar.
Super/Man: A História de Christopher Reeve é um excelente documentário, que faz um resgate histórico de um ícone do cinema, que extrapola as telonas em termos de importância.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
