PUBLICADO EM 07/06/2021

Sweet Tooth – Temporada 1

 

Sweet Tooth – Temporada 1

Sweet Tooth gira em torno de Gus (Christian Convery), um garoto híbrido entre humano e cervo, que nasceu após um desastre apocalíptico que assolou a humanidade. Quando perde seu pai, Gus precisa contar com a ajuda do durão e misterioso Jeppard (Nonso Anozie), para se manter a salvo e tentar encontrar sua mãe.

A série chega num momento complicado para o mundo inteiro, que em sua grande maioria ainda vive numa pandemia de covid-19 e se arrisca ao falar justamente sobre uma doença que devastou a humanidade, mas graças ao seu tom otimista, como uma fábula moderna, ela cativa seu telespectador.

Grande parte disso se deve a dupla principal, que consegue transmitir uma real ligação entre si, algo fundamental para a série funcionar. A dinâmica entre eles não é algo super original, temos o adulto quebrado pela dureza do mundo que vai amolecendo graças a inocência da criança, assim como em The Last of Us por exemplo, mas não deixa de ser bem feita.

Entrecortado com essa jornada de aventura de Gus e Jeppard, conhecemos as histórias do Dr. Singh (Adeel Akhtar) e Aimee (Dania Ramirez), que nos ajudam a entender mais como o mundo chegou nessa situação e como pessoas tentam viver nele. Em alguns momentos essa troca de perspectiva é um pouco cansativa na medida que a aventura de Gus é bem mais interessante (principalmente que a parte de Aimee), mas quanto mais próximo ao final, mais as narrativas vão se afunilando e fazendo sentido.

Outro ponto positivo é a inclusão da Ursa (Stefania LaVie Owen) na aventura de Gus. Ela surge um pouco parecida com Karli Morgenthau de Falcão e o Soldado Invernal, uma jovem revolucionário que tenta lutar pelo que acha certo, mas de forma muito extremista, mas logo ela consegue se afastar disso, tendo sua personalidade mais aprofundada e mexendo com a dinâmica da dupla principal.

O que não chama muito atenção por enquanto é o vilão General Abbot (Neil Sandilands), que é extremamente caricato desde sua personalidade até suas roupas ou jeito de falar.

Os efeitos especiais não são algo que chamam muito atenção e é nítido que houve um cuidado na maquiagem das crianças híbridas principais, mas as demais parecem mais fantasias de carnaval. A fotografia tem bons momentos explorando grandes paisagens abertas e encontrando as belezas do mundo quase destruído.

O clima de fábula fica ainda mais evidente com a presença do narrador (James Brolin), que aparece como um avô contando histórias para seus netos. Poderia ser algo supérfluo, mas que acaba fazendo sentido com o conceito do programa num todo.

O roteiro por vezes conta com certas simplificações e coincidências, mas ele está mais preocupado em ser um arroz e feijão com batata frita bem feito do que um prato chique com caviar e lagosta. Jim Mickle, criador e roteirista da série, consegue deixar a hq mais crua e sombria de Jeff Lemire, palatável para um público muito maior, agradando desde crianças a adultos.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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