PUBLICADO EM 09/08/2023

Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança

 

Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança

Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança é um filme escrito e dirigido por Marcos Bernstein, que dirigiu filmes como O Amor Dá Voltas (2019) e Meu Pé de Laranja Lima (2012), mas que tem em seu currículo como roteirista obras como Faroeste Caboclo (2013), Zuzu Angel (2006) e Central do Brasil (1998), além de diversos trabalhos para tv.

Em seu novo longa acompanhamos Carla (Cláudia Abreu), uma mãe que vê a filha ser baleada durante uma tentativa de assalto. A menina fica em estado grave. Carla, sem conseguir aceitar o destino da filha e a falta de soluções por parte da polícia, transforma a busca por justiça em uma procura por vingança. No balanço entre a vida e a morte a qualquer minuto, ela decide fazer a justiça com as próprias mãos e testar o seus próprios limites.

O drama estabelece a tragédia que acomete a família para depois aos poucos, por meios de flashbacks, ir construindo a relação entre mãe e filha, mas há uma dificuldade imensa em encaixar eles de forma que realmente ofereçam algum tipo de impacto narrativo, parecem apenas cenas aleatórias colocadas ali para tentar fazer o público se emocionar.

Todo o processo de transtorno que vai gerando-se na personagem principal acaba sendo sem sentido, pois após uma condição clínica, ela parte para atos de extremos do meio para o final, buscando vingança a todo custo, mas ela também já havia feito a mesma coisa antes disso ao simplesmente adentrar uma comunidade do Rio de Janeiro armada, em busca do traficante que colocou sua filha no hospital.

E talvez seja melhor nem entrar no mérito de que após ela decidir chutar o balde completamente, Carla se estabelece nesta comunidade dominada pelo tráfico e por policiais corruptos, de uma hora para outra, sendo uma figura completamente dissonante de todo resto, e ninguém ali a questiona ou tenta intimidá-la. Ela dá sumiço num dos traficantes e em um dos policias corruptos, sem a mínima cerimônia ou cuidados específicos, mas novamente nada parece incomodar qualquer outra pessoa que lá habite.

Chega a ser quase cômico, mesmo para uma obra de ficção que não tem necessariamente compromisso com a verdade, pois diariamente temos notícias de retaliação entre Policias e bandidos, gerando literalmente chacinas, mas Carla consegue sozinha algo inimaginável até mesmo para o Batman pela visão sangue nos olhos de Zack Snyder, e sem muito preparo, diga-se de passagem.

Até tenta-se fazer uma mea-culpa quando os personagens questionam quem seria o principal responsável pela filha de Carla ter sido uma vítima: a pessoa que atirou? Quem forneceu a arma? O fabricante? Como tentando passar uma visão geral do problema, mas tudo tem a profundidade de um pires, e acaba tudo ficando no campo pessoal, pois ela tortura e espanca o cara que puxou o gatilho no fim das contas. Praticamente tudo se resume a meter pipoco na cara de quem te prejudicou.

A fotografia parece opaca, lavada, sem vida, e o ângulo holandês é usado e abusado, algumas vezes de maneira satisfatória, mas outras por puro preciosismo mesmo. Cláudia Abreu entrega aquilo que lhe é pedido, e nenhum dos outros personagens tem grande destaque, com exceção da personagem e Júlia Lemmertz. O marido da protagonista chega a quase desaparecer do meio pro fim.

Se mudassem o nome do filme para Um Tiro de Justiça, e falassem que quem dirigiu foi a Jojo Todynho eu acreditaria.

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  1.5

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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