PUBLICADO EM 02/08/2022

Trem-Bala

 

Trem-Bala

David Leitch, diretor de Deadpool 2 e Atômica, nos brinda com Trem-Bala, seu novo filme que é extremamente divertido e repleto de ação, sabendo beber de várias fontes e nunca se levando tão a sério a ponto de perder a graça.

Na trama, Joaninha (Brad Pitt), um assassino de aluguel experiente e azarado está decidido a fazer apenas mais um trabalho de forma tranquila depois de ter passado por tantos outros que saíram do seu controle. O destino, entretanto, tem outros planos; e em sua próxima missão Joaninha é colocado num trem-bala no Japão em rota direta de colisão com adversários letais vindos de todas as partes do globo; todos com objetivos conflitantes porém conectados.

É nítido e prazeroso perceber como todo o elenco realmente embarca no exagero e na loucura de certas situações, principalmente Brad Pitt, que não consegue essa combinação de humor e ação desde de Sr. & Sra. Smith (2005). Uma pena que não temos tanto do background do personagem, ele muitas vezes é um mero expectador da trama principal e acaba entrando sem querer em situações complicadas, embora isso não seja totalmente gratuito e sirva a trama.

Todo o elenco de apoio é muito bom, com destaque para a dinâmica entre Aaron Taylor-Johnson e Brian Tyree Henry, que acabam ganhando mais tempo de tela, e que futuramente gera um impacto emocional verdadeiro. Andrew Koji tem o arco mais sério entre os protagonistas mas em determinado momento é meio deixado de lado, contudo o excepcional Hiroyuki Sanada, pai do personagem de Koji, embora tenha participação reduzida, rouba a cena e é crucial para o desenrolar definitivo da trama.

Apesar de se passar num trem-bala japonês, e se basear numa obra japonesa, os principais atores asiáticos não são os protagonistas, são decisivos na conclusão da história, é verdade, mas faltou um pouco de coragem dos produtores em apostar mais alto, temos aí Podres de Ricos e Shang-Chi para provar que é possível. De qualquer forma, o elenco é bastante diverso, a pior representação provavelmente é a russa, mas atualmente isso não chega a ser um problema.

Todas as cenas de ação são ótimas, você sente cada pancada, e ainda conta com uma boa interação dos cenários e uma pitada de humor mesmo durante as lutas, no melhor estilo dos filmes do Jackie Chan. Outra boa a referência é Tarantino, em especial Kill Bill, que bebe das mesmas fontes e faz sua mistureba sanguinolenta. Uma ressalva seria o excesso de mini flashbacks, alguns são bem desnecessários e é quase uma forma de menosprezar a capacidade do público de lembrar de algo dito ou feito a 20 ou 30 minutos atrás do filme.

Existem passagens que isoladas poderiam ser videoclipes, como passado de Lobo (Bad Bunny) ou a impagável contagem de mortes de Limão e Tangerina, essas variações no estilo dão um ótimo respiro e ritmo ao longa que tem pouco mais de 2h.

No final, Trem-Bala consegue fazer uma trama rocambolesca ter sentido, e nenhum elemento é gratuito, nem a cobra ou uma garrafa d’água, todos acabam tendo uma função em algum momento. Ótima ação e humor descompromissado fazem valer a pena a experiência.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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