Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, novo filme de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, responsáveis por Um Cadáver Para Sobreviver, mostra que a dupla tem pouquíssimas amarras com histórias ou narrativas convencionais, misturando gêneros e conceitos numa deliciosa bagunça organizada, que enche os olhos e aquece o coração do telespectador.
Na trama, a imigrante chinesa Evelyn Wang (Michelle Yeoh) comanda uma lavanderia com sua família e pode ter problemas com a receita federal, mas tudo muda quando ela descobre o conceito de multiverso, onde ela consegue acessar memórias e habilidades de outras versões de si mesma.
A trama parte de algo extremamente comum, com uma dona de casa de meia idade com problemas na família e no trabalho, pra algo totalmente nonsense, explorando o conceito de multiverso, cada vez mais presente na cultura pop. Mas mesmo esse conceito que vem sendo bastante usado, visto recentemente inclusive em um blockbuster como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, tem elementos novos, que trazem uma sensação de originalidade e revigoramento ao longa. Existe muito mais loucura aqui do que no filme da Marvel, por exemplo.
O filme conta com uma edição maravilhosa, que dá dinamismo e um ritmo absurdo a produção, sabendo acelerar e dar um respiro sempre que necessário. A direção de arte, os efeitos especiais, a maquiagem, tudo é feito de forma muito cuidadosa e dá um banho em vários filmes com o quadruplo de seu orçamento.
A mudança de gêneros ao longo do filme também é feita de forma muito agradável, num momento estamos muito próximos de um drama familiar, quando de repente somos jogados numa ficção científica, passando por cenas de ação incríveis e ainda com doses certeiras de humor, e tudo consegue se equilibrar, tanto que definir apenas um gênero para o filme é impossível.
Michelle Yeoh é incontestavelmente a estrela desta produção, entregando uma atuação perfeita em todas as suas nuances, e o elenco de apoio com Ke Huy Quan, Stephanie Hsu, Jamie Lee Curtis e James Hong só engrandece ainda mais sua presença.
Os Daniels, muito seguros da história que queriam contar e do jeito que queriam contar, não se perdem tentando explicar tudo nos seus mínimos detalhes, e mesmo assim como já foi dito, apelam para o nonsense, se aproximando muito mais de um Rick and Morty do que qualquer outra coisa.
Recheado de momentos hilários, ótimas cenas de ação e outras verdadeiramente tocantes, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo faz você querer reassistir o filme assim que os créditos finais sobem, não por conta de easter eggs vazios ou uma trama super complexa, mas por ser extremamente divertido, diferente, estiloso e de quebra ainda nos deixa pensando sobre sobre nossas escolhas na vida e relações interpessoais.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
