Minecraft é um fenômeno no mundo dos games a algum tempo. Criado de forma independente pelo sueco Markus “Notch” Persson e posteriormente sendo adquirido pela Microsoft o jogo tem um apelo imenso com crianças do mundo todo que podem se divertir e soltar a imaginação criando várias coisas com os blocos. Dito isso, eu particularmente nunca joguei Minecraft, portanto não tenho nenhum apreço especial pelo tópico em questão. Isso me impediu de me divertir no cinema? Não.
Na trama do filme quatro desajustados – Garrett “The Garbage Man” Garrison (Jason Momoa), Henry (Sebastian Eugene Hansen), Natalie (Emma Myers) e Dawn (Danielle Brooks) – envolvidos com seus problemas do dia a dia, de repente são transportados, por um misterioso portal, para Overworld: um bizarro país das maravilhas cúbico onde impera a imaginação. Para voltar para casa, eles vão ter que dominar este mundo (e protegê-lo de criaturas malignas como Piglins e Zumbis) enquanto embarcam em uma missão mágica com um experiente construtor imprevisível, Steve (Jack Black).
O filme é claramente voltado para o público infantil, e por conta disso tem algumas bobeiras que podem fazer os adultos revirarem os olhos, mas que com certeza as crianças irão gostar. E no fundo isso é bom, pois estamos falando de Um Filme Minecraft, ninguém em sã consciência espera algo super profundo ou rebuscado de Minecrat.
Uma tentativa clara de criar algum elo com os pais que devem levar os filhos ao cinema é o personagem de Momoa, um ex-campeã de arcade que tenta reviver seus momentos de glória. Ele sustenta toda essa atitude de rockstar mas vemos como ele é fracassado, os grandes momentos de humor são dele na verdade, que incrivelmente se encaixa muito bem nesse tipo de papel excêntrico e meio ridículo.
A escolha de Jack Black no elenco, apesar de meio óbvia, também é muito boa, pois ele talvez seja o ator com menos senso de ridículo de toda Hollywood. Ele não faz nada de diferente do que ele já vem fazendo a anos, mas é o tipo de papel que cai como uma luva, pois ninguém consegue entregar o que ele entrega sem parecer patético. O fato de Black já ter entrosamento com o diretor Jared Hess, com quem trabalhou no questionável Nacho Libre, também faz uma diferença positiva. Importante lembrar que Hess também dirigiu o clássico cult Napoleon Dynamite, onde a vergonha alheia impera.
Quando o filme tenta puxar pra um lado mais emocional, principalmente na relação e o drama entre os irmãos Henry e Natalie, é onde ele perde mais força e cai num lugar comum, e meio que destoa um pouco de todo o restante do tom do filme.
O roteiro é cheio de clichês e atalhos que nem sempre fazem sentido, tudo em prol da aventura e do humor, e talvez o motivo seja o fato de ter 5 pessoas creditadas como roteiristas, quanto mais gente botando a mão parece que mais falta coesão e cuidado.
O visual é muito bem feito e remete bastante ao game, embora em algum momento ou outro a tela verde fique bastante evidente. No geral, Um Filme Minecraft é tudo que você pode esperar de Um Filme Minecraft, nem mais nem menos. As crianças vão se divertir, e no fim das contas, esse é o objetivo, então foi bem cumprido.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
