PUBLICADO EM 15/01/2021

Uma Noite em Miami…

 

Uma Noite em Miami…

Um trecho na biografa de Muhammad Ali chamou a atenção do escritor Kemp Powers, num paragrafo era mencionado o encontro dele com outras três lendas da época, mas ninguém sabe o que exatamente aconteceu nessa reunião. Depois de um exercício de imaginação Powers lançou em 2013 a peça teatral Uma Noite em Miami…, que agora em 2020 tem o texto adaptada pelo próprio autor num filme para Amaozn.

Em 1964, numa noite quente de Miami, num quarto de hotel simples, o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o jogador da NFL Jim Brown (Aldis Hodge), o cantor e compositor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) comemoram com o jovem boxeador Cassius Clay (Eli Goree) seu primeiro título de campeão mundial.

A direção ficou por conta de Regina King, atriz que ganhou o Oscar como coadjuvante em Se a Rua Beale Falasse e mais recentemente um Emmy pelo papel principal na série Watchmen. King faz sua estreia dirigindo um longa metragens e se mostra bastante talentosa também atrás das câmeras.

A transição do teatro para o cinema neste filme acontece de forma mais satisfatória do que em A Voz Suprema do Blues. Apesar de grande parte dele se passar no quarto de hotel, existem vários respiros ao longo da trama. Logo no começo por exemplo, cada um dos personagens tem uma pequena cena de introdução, onde já podemos perceber um pouco de cada personalidade e como elas serão aprofundadas e as vezes descontruídas. A edição um pouco mais dinâmica e principalmente os diálogos ajudam o filme a não ser tão cansativo.

Temos quatro grandes personalidades em cena, e todos querem os mesmos objetivos, mas a forma de pensar e como cada um pode contribuir com a causa é diferente. Todos tem quase o mesmo tempo de tela e não existe de fato um protagonista definido, mas Ben-Adir e principalmente Odom Jr., que além de atuar canta excepcionalmente bem, se beneficiam por terem em Malcolm X e Sam Cooke os personagens mais interessantes e complexos, que acabam entrando em conflito direto.

Apesar de sabermos a importância real dessas figuras é interessante ver um lado mais intimista deles, como o jovem Cassius Clay antes de se converter ao islamismo e mudar seu nome para Muhammad Ali, tendo dúvidas sobre sua escolha, e também Jim Brown com um pouco de vergonha de falar sobre seu início de carreira como ator.

Powers, que já havia nos emocionado com Soul, consegue fazer um retrato muito humano destes ícones, sem nenhum juízo de valor sobre qual a maneira correta de lutar pelos direitos civis dos negros, mas reforçando que a luta nunca deve ser deixada de lado.

Nós estamos no Facebook e você também pode nos achar no Instagram e Twitter, curta as páginas e fique por dentro do UNIVERSO REVERSO.

 

  4

 

SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


RELACIONADOS