Das noites estreladas aos momentos mais psicóticos, a vida de Van Gogh foi repleta das mais caóticas situações – e das mais efêmeras também. Pensando nisso, e tentando explorar o universo artístico do pintor, Barbara Stok escreveu e desenhou a Graphic Novel “Vincent”, sendo lançada em outubro de 2014. Com sucesso póstumo, agora podemos entrar em contato com um arsenal de documentos e biografias a respeito do fabuloso Vincent William van Gogh – e foi o que Barbara fez para produzir a obra que hoje falamos a respeito. Após três anos fazendo pesquisas no Museu Van Gogh, em Amsterdã, a autora e ilustradora pôde dar mais uma contribuição à consagração que eterniza Van Gogh, mesmo depois de ter falecido há anos. Como escrito em uma das cartas do artista para seu irmão, Theo: “Quando o que você faz dá esperanças para a eternidade, então sua vida tem razão de ser.”
Diferente de uma biografia, que conta detalhadamente todos os segundos vivenciados por algum símbolo, nesta Graphic Novel terá, de forma sucinta, a ambientação dos últimos anos de Van Gogh, quando este decide se mudar para Arles, em 1888. Apesar de ter passado por crises antes de dado momento, incluindo uma tentativa de suicídio decorrente de um amor não correspondido, era evidente que suas obras não haviam perdido sua imponência. Acredita-se no contrário, a propósito: sua inconstância apenas deu ainda mais vida para seus trabalhos.
É em Arles que Van Gogh conhece as belas paisagens que deram vida às obras mais conhecidas hoje em dia, como “Noite estrelada”. E é lá também que, endividado até a ponta dos fios ruivos, adoece cada vez mais. Um dos acontecimentos mais marcantes dessa fase é o projeto da “Casa Amarela”, em que, juntamente a Gauguin, outro fabuloso pintor, montaria um belo ateliê onde os pintores que estivessem de passagem poderiam se hospedar – e claramente compartilhar de episódios cheios de tinta e telas magníficas.
Entretanto, comprovando mais uma vez o Mito da Caverna, que era seguido rigorosamente em sua vida, Gauguin faz suas malas e parte, cansado de ouvir Van Gogh falando compulsoriamente de trabalho. A quebra da expectativa faz com que as crises de fúria retornem à cabeça do pintor, que, em meio a algumas alucinações, decepa sua própria orelha. Depois de tal episódio, poucos eram os dias em que não tinha de lidar com a loucura batendo na porta de seu ambicioso coração. O seu sucesso, pelo menos no século 19, só era possível no mundo das ideias – a humanidade não estava pronta para sua genialidade.
Mesmo sabendo a sua história, ler uma Graphic Novel como “Vincent” é mergulhar profundamente em um contexto que, talvez, nunca sejamos capazes de compreender plenamente. E isso tudo só é possível graças à Barbara Stok e seus quadrinho, desenhados cuidadosamente com o intuito de botar no papel até os sentimentos mais intrínsecos de Van Gogh.
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