What if…?, a primeira série de animação feita pelo Marvel Stúdios, portanto canônica, segue a ideia dos quadrinhos, onde os autores podiam imaginar situações hipotéticas, ondes os eventos do universo Marvel ocorreriam de forma diferente. Vários dessas possibilidades acabaram sendo utilizadas posteriormente nos quadrinhos, como o Homem-Aranha se unindo ao Quarteto Fantástico, o Hulk tendo o intelecto do Bruce Banner ou a Jane Foster erguendo o martelo do Thor.
Logo, poderíamos imaginar que esta série animada seria um terreno fértil para os realizadores testarem possibilidades para o futuro do MCU ou simplesmente fazerem coisas mega bizarras que só está mídia seria capaz de suportar. Acontece que nenhuma dessas possibilidades é aproveitada em todo seu potencial, principalmente a segunda.
É muito bacana ver uma personagem como a Capitã Carter ser utilizada, ver um Doutor Estranho mais sombrio ou ter de volta (mesmo que apenas a voz) de Chadwick Boseman como Star Lord, mas olhando o escopo geral, tal qual o Vigia, parece ser muito pouco, diante do potencial desperdiçado.
Um dos grandes problemas foi a série ter se vendido como uma antologia, com aventuras isoladas, mas que a cada episódio íamos percebendo a grande mentira contada, já que claramente existiam ganchos, para que lá na frente tudo se unisse. A ideia não é de todo ruim, mas gera muita confusão, quando muito do público geral vê apenas episódios inacabados, e não tem paciência para chegar até o final da série onde tudo se junta. Mas mesmo aqueles que chegam lá, não obtém uma grande recompensa.
Essa mania que querer deixar tudo conectado, e ter apenas o Universo Cinematográfico como base, limita muito a experiência. Porquê não utilizar outros personagens que já retornaram para o estúdio como Demolidor ou Motoqueiro Fantasma? Mesmo sem ter aparecido no MCU já são de amplo conhecimento do público. Porque não apresentar outros personagens como o Nova ou o Hércules? Afinal de contas o Vigia (voz de Jeffrey Wright) também estava sendo apresentado para o público, porque não colocar outros, mesmo que em participações especiais?
Tirando de lado as possibilidades perdidas, a série tem altos e baixos, tanto na animação em si, quanto nos roteiros. Há pelo menos dois ótimos episódios: o quarto, onde Doutor Estranho “perde o coração” ao invés das mãos e o oitavo, onde o Ultron vence os Vingadores com as joias do infinito. Há episódios legais, como o T’challa Star Lord e do Thor festeiro, que é o único que se entrega totalmente para comédia descompromissada e tem uma ótima cena de luta entre a Capitã Marvel. Já os demais episódios ficam ali no meio terno, ou dependendo do apego que você tem com os personagens, menos que isso.
O final deixa a desejar por entregar algo esperado, sem nenhuma surpresa ou pelo menos lutas legais como no penúltimo episódio. Não existe grandes explicações do critério do Vigia para suas escolhas e ainda jogam no meio uma Gamora de outro universo sem nenhum background.
Com um gosto agridoce na boca é esperar que os produtores entendam a grande oportunidade que eles tem em mãos e ousem mais, sem se preocupar tanto com cronologia ou interligar tudo, já que What if…? é uma grande viagem entre multiversos e possibilidades infinitas,
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
