A segunda temporada de Desventuras em Série começa exatamente onde a primeira nos deixou, com os órfãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire (Malina Weissman, Louis Hynes e Presley Smith respectivamente) chegando a Escola Preparatória Prufrock com a esperança de ter deixado Conde Olaf (Neil Patrick Harris) para trás e ter um pouco de paz em suas vidas. Ledo engano. Este primeiro arco de dois episódios adapta o quinto livro (Inferno no Colégio Interno) da série escrita por Daniel Handler sob o pseudônimo de Lemony Snicket, que também é um personagem, sendo o narrador destas desventuras.
Ainda seguindo mesmo padrão dos arcos anteriores onde os órfãos chegam num novo lugar bizarro, com adultos extremamente estranhos e incapazes de cuidar das crianças prodígio e sendo facilmente enganados por disfarces caricatos, este arco ganha força pela adição de novos personagens: os Trigêmeos Quagmire (Duncan (Dylan Kingwell) e Isadora (Avi Lake), o terceiro irmão Quigley morreu no incêndio que também os deixou órfãos), a bibliotecária Olivia Caliban (Sara Rue), uma adulta minimamente sensata disposta a ajudar os órfãos e até mesmo a insuportável Carmelita Spats (Kitana Turnbull) tem seu valor ao criar inimizade com os protagonistas e gerar boas cenas de comédia.
Ao final deste arco a trama começa a ficar um pouco mais coesa, e gera consequências maiores para o que vem a seguir, na mesma medida que o mistério sobre o incêndio da morte dos pais dos órfãos vai ficando mais interessante. O desenvolvimento da organização secreta CSC em paralelo com a saga das crianças deixa a série mais dinâmica e instigante em comparação aos livros, que demoram a desenvolver este pano de fundo misterioso. Isso se deve a inserção de Jacques Snicket (Nathan Fillion), voluntário da organização CSC e irmão de Lemony Snicket (Patrick Warburton) que tem mais participação na história além de ser apenas um narrador.
O segundo arco, O Elevador Ersatz, leva nossos desafortunados heróis para a alta sociedade, onde a maior preocupação é com as aparências. A pequena reviravolta no final com a personagem Esmé Squalor (Lucy Punch) tornam as coisas um pouco mais interessantes.
A Cidade Sinistra dos Corvos vem a seguir nos levando para uma cidadezinha do interior onde os órfãos ficam sob a tutela de todos os adultos da cidade, teoricamente muito mais seguros do que nunca estiveram com tantos olhos para cuidar deles. Mas a série não seria ela mesma se fatos absurdos não acontecessem, ainda mais num cenário tão peculiar que nos remete ao velho oeste.
A partir de O Hospital Hostil, as crianças finalmente deixam de contar com a ajuda dos adultos inúteis que a cercavam e estão por conta própria. Este arco tem elementos de terror muito bem trabalhados, dado o ambiente sugestivo para o tema.
Esta temporada fecha com o arco O Espetáculo Carnívoro, onde os jovens usam da maior artimanha de Conde Olaf para tentar escapar: os disfarces. Neil Patrick Harris parece bem mais a vontade neste segundo ano da série, tendo deixado a dúvida e o estigma da primeira versão de Conde Olaf interpretada por Jim Carrey no filme de 2004, ele se solta mais e o aprofundamento da trama e os mistérios que envolvem seu personagem o ajudam a deixa-lo mais interessante e não apenas um cara que vai do patético ao vilanesco em poucos segundos.
No geral o ritmo da série melhora, a trama fica mais interessante, a adição de personagens novos melhora a dinâmica entre eles. É importante lembrar que a série é voltada para um público infanto juvenil (embora nunca subestime esse público, vide o final trágico de alguns personagens), então a estética caricata dos cenários, personagens e situações é plenamente aceitável e graças aos elementos citados anteriormente os adultos também vão poder aproveitar sem maiores problemas.
A segunda temporada estreou dia 30 de março na Netflix.
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