A década de 1990 foi muito prolífica para grandes filmes de catástrofe como Independence Day (1996), Titanic (1997) e Armageddon (1998), mas também houve espaço para uma pérola como Twister (1996), que fugia um pouco desse escopo grandioso, e focava numa história mais contida, e por não dizer menos séria, já que uma das grandes lembranças de qualquer um que tenha assistido na época é a cena de uma vaca passando voando.
Por não ter tanto apelo assim, uma continuação era muito improvável, mas ao mesmo tempo sem tantas amarras, portanto um belo acerto do filme é usar uma base sólida do primeiro filme, mas não possuir nenhum vinculo direto com seu antecessor.
Na trama do longa, Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) é uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade, que agora estuda padrões de tempestades nas telas em segurança na cidade de Nova York. Ela é atraída de volta às planícies por seu amigo, Javi (Anthony Ramos), para testar um novo sistema revolucionário de rastreamento. Lá, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Glen Powell), o carismático e imprudente ícone das redes sociais que se diverte postando suas aventuras de caça a tempestades com sua equipe barulhenta.
É possível dizer que o primeiro terço o longa repete muita coisa do filme original, estabelecendo um trauma, uma renúncia do chamado para ação, e duas equipes competindo na caça aos tornados. A grande diferença é a dinâmica entre os personagens, que tem mais profundidade e camadas, não muita, mas tem.
O diretor Lee Isaac Chung dirige seu primeiro blockbuster após o ótimo Minari, e não faz feio, entregando boas cenas de ação com aquele toque de angústia e desespero, que encaixam como uma luva neste gênero. O roteiro de Mark L. Smith a partir da história desenvolvida por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) acerta não só na relação entre os personagens, mas também em abordar a questão social inclusa na devastação causada pelos tornados.
É sempre bom quando você assiste algo sobre alguma coisa muito específica e fica empolgado por isso, por exemplo, assistir um filme de surfe e ficar com vontade de surfar. No caso, apesar de estarem perseguindo tornados no meio de Oklahoma, os protagonistas são basicamente meteorologistas muito nerds, e isso fica claro várias vezes no jeito que eles falam sobre a formação das tempestades e tornados, com vários termos técnicos e até algo meio místico. O plano de contenção que eles bolam faz sentido no mundo real? Não faço a mínima ideia, mas não me importa, pois o importante é a verossimilhança dentro da narrativa do filme.
Daisy Edgar-Jones tem mais um trabalho sólido, assim com Anthony Ramos, embora seu personagem vá perdendo força do meio pro final, o grande destaque vai para Glen Powell, que tem um carisma gigantesco, mas novamente mostra também sua capacidade de atuação, assim como no recente Assassino Por Acaso, ele consegue sair de algo mais espalhafatoso de início, para algo mais contido e intimista, sem soar canastrão ou forçado.
Twisters não esconde suas origens, se baseando no puro suco dos anos 90, mas dá um novo respiro para o gênero catástrofe, apostando no seguro e empolgando na medida certa. Sem dúvida uma ótima opção pra quem gosta de ação.
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