PUBLICADO EM 23/04/2021

Falcão e o Soldado Invernal

 

Falcão e o Soldado Invernal

A série do Falcão e o Soldado Invernal chegou como algo mais próximo do que já estávamos acostumados nos filmes da Marvel, em especial os do Capitão América, onde eram combinadas a ação, espionagem e conflitos diplomáticos internacionais. Mas lá no primeiro episódio além da cena incrível de perseguição do helicóptero, que não deixa a desejar em nada para o cinema, vemos um aprofundamento nos personagens que só o formato e tempo de uma série podem oferecer.

Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) começam separados, mas mesmo depois de unidos, suas ideias ainda divergem em vários pontos, então o único jeito deles conseguem estar em sintonia para enfrentar seus próximos desafios, é mais do que se entenderem como dupla, é se entenderem como indivíduos.

Ao longo da trilogia de filmes do Capitão América, o Soldado Invernal teve bem mais desenvolvimento que o Falcão, até pela complexidade de sua história, então era de se esperar que agora o Sam ganhasse mais destaque, o que de fato até ocorre, mas o mergulho que damos na psique de Bucky, entendendo seus traumas de forma mais intimista, faz valer seu nome no título.

Os novos personagens introduzidos servem não só para expandir o MCU, mas para acentuar ainda mais as discussões centrais que giram em torno de igualdade, racismo, traumas de guerra e o que torna alguém um herói. Por exemplo, temos John Walker (Wyatt Russell), seria muito mais simples e cômodo fazer um personagem unilateral, um típico vilão que é corrompido pelo poder em suas mãos, mas existem diversas camadas nele, e um comentário interessante de como o governo trata seus soldados. Da mesma forma é Karli (Erin Kellyman), apesar de apelar para o extremismo seus ideias são bastante dignos, aproximando ela de Killmonger em Pantera Negra.

O plot central do legado do escudo, que foi deixado para Sam, obviamente teria que esbarrar na questão racial, que em tempos de George Floyd e tantos outros que perderam suas vidas, não poderia chegar em momento mais oportuno. Não podemos esquecer o tamanho do alcance que uma produção dessas tem e apesar dos elementos fantasiosos, refletir questões relevantes da nossa sociedade sempre foi um marca da Marvel desde seus quadrinhos nos anos 60 e 70.

Sam recusa o escudo, como se não se sentisse a altura de carregar o manto de Capitão América, e toda sua jornada aqui mostra o quanto ele estava errado. Até mesmo a presença de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), que mostra o contraponto de alguém enfurecido e amargurado que sofreu por conta disso, não impede Sam de no final fazer o que ele julga certo e mostrar que Steve Rogers teria orgulho dele. Inclusive a ausência física de Steve é um grande acerto, o legado já foi passado e é hora de seguir em frente. Mackie entrega toda carga dramática necessária de seu personagem, mostrando finalmente o grande ator que é.

Alguns personagens são resgatados e apesar de legais não tem o impacto esperado, como Barão Zemo (Daniel Brühl) e Sharon Carter (Emily VanCamp), parece mais um assentamento de peças para o futuro, assim como novos personagens também apresentados.

Mesmo com todo peso e provavelmente o momento mais impactante e violento de todo MCU ao final do quarto episódio, Falcão e o Soldado Invernal ainda é em sua essencial um produto da Marvel, que sabe divertir e entreter na medida certa e como sempre, nos desperta interesse pelos próximos capítulos desse grande universo.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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