Depois de Chucky e Annabelle, o filão de brinquedos assassinos acaba de ganhar mais uma forte representante com a chegada de M3GAN aos cinemas, e o seu diferencial é que ao invés de ter um viés sobrenatural como os anteriores, M3GAN é uma inteligência artificial que vai ganhando consciência, digna inclusive de estar em algum episódio de Black Mirror ou integrar a revolução das máquinas em Matrix ou Exterminador do Futuro.
Após perder os pais num trágico acidente de carro a jovem Cady (Violet McGraw) passa a morar com sua tia Gemma (Allison Williams), gênia da robótica que trabalha para uma empresa de brinquedos. Sem saber como lidar direto com essa responsabilidade e tendo dificuldades no trabalho, Gemma decide testar o protótipo de uma nova boneca super inteligente chamada M3GAN para ajudar a garota a superar o seu trauma.
O design da boneca é propositalmente esquisito, algo próximo a uma menina real mas não tanto, caindo no uncanny valley, ou vale da estranheza. É possível simpatizar e estranhar ela ao mesmo tempo. As motivações dela tentando proteger a menina de fato são legítimas e sua forma de aprendizado interagindo e aprendendo com humanos não poderia dar em outra coisa se não tragédia, já que nossa sociedade invariavelmente acaba falhando em ser exemplo pra qualquer um que tente aprender e não disponha de um freio moral.
O longa segue uma fórmula já batida, mas as discussões levantadas sobre ética, moralidade, e relacionamento parental são interessantes, mesmo que não sejam levadas a fundo. A presença de James Wan e da Blumhouse na produção dão um carimbo do tipo de filme que pode-se esperar, com um orçamento não tão grande para ter uma garantia de retorno e consequentemente garantir uma continuação.
Apesar de cair nesse método Blumhouse, o longa não abusa de jumpscares baratos, e aproveitando as movimentações antinaturais da boneca, e suas aparições repentinas.
O marketing do filme foi muito bem sucedido, viralizando a dancinha da boneca nas redes sociais antes mesmo do filme estrear, mas isso aparentemente fez com que os produtores contivessem um pouco a violência, para que o público mais novo pudesse inflar a bilheteria. Isso é um pouco chato de se imaginar, mas o que está sendo avaliado é o que foi entregue em tela e não o que poderia ter acontecido em algum multiverso.
M3GAN cumpre o que promete e entretém, mesmo que a cena da dança não faça tanto sentido, ela é bem legal, agora é esperar pela sequência e que o filme possa se permitir mais, ousar, sendo mais sangrento e divertido.
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