Greta Gerwig estreou na direção em 2017 com Lady Bird: A Hora de Voar, um retrato franco e leve sobre uma adolescente dos tempos atuais, agora com Adoráveis Mulheres, ela revisita a obra de Louisa May Alcott, para falar novamente sobre a juventude feminina, desta vez no meio do século 19.
A trama gira em torno da família March e suas adoráveis e energéticas filhas Jo (Saoirse Ronan), Meg (Emma Watson), Amy (Florence Pugh) e Beth (Eliza Scanlen). Cada uma tem uma habilidade artística específica (escrita, atuação, pintura e música) e personalidades bem distintas, mas sempre apoiam umas as outras e a química entre elas na tela é explosiva, é muito crível que essa família possa ter existido.
Os EUA estão no meio da Guerra Civil e o pai vai para a batalha, tendo que deixar elas e a sua mãe (Laura Dern) se virando por conta própria. Falta de dinheiro e a preocupação com o futuro rondam o tempo todo a humilde casa das moças, que apesar de tudo nunca perdem a alegria.
Gerwig mostra uma nítida evolução desde seu primeiro longa. Muito mais segura, ela tem total domínio da narrativa e utiliza o recurso do flashback muito bem. Ao longo do filme voltamos um pouco para o passado para preencher algumas lacunas e presenciar momentos chave das personagens. As transições são feitas de maneira orgânica e a montagem nunca se precipita.
As duas grandes joias do filme são Saoirse Ronan e Florence Pugh. Ronan é quem conduz a narrativa na maior parte do filme, sua personagem tem o gênio mais difícil e é sempre a primeira a se impor e tomar as rédeas da situação (e da própria vida, coisa não muito comum naquela época). Enquanto Pugh é a que passe talvez por um amadurecimento mais visível em tela. O elenco de apoio também é muito bom (Timothée Chalamet, Marryl Streep, Louis Garrel, Chris Cooper).
Com um roteiro bastante redondo Gerwig consegue ser bastante honesta com as questões femininas de emancipação e busca de diretos. E apesar das perdas e do duro aprendizado o final consegue ser bastante satisfatório pra quem deseja ver um final feliz, seja qual for a sua concepção disso.
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