PUBLICADO EM 12/01/2023

Babilônia

 

Babilônia

Recentemente tivemos Steven Spielberg fazendo sua homenagem ao cinema com Os Fabelmans, e o próprio Damien Chazelle, que dirige Babilônia, já havia feito La La Land: Cantando Estações, uma ode aos musicais clássicos. Contudo se Spielberg faz uma carta de amor a sétima arte, Chazelle promove uma sinfonia extremamente barulhenta e caótica, que empolga, mas em determinados momentos desafina, devido a sua grandiosidade.

Babilônia é uma homenagem à Era de Ouro de Hollywood, se passando no final da década de 1920 e retratando a transição da indústria do cinema entre os filmes mudos e as produções faladas, focando em três personagens principais, Jack Conrad (Brad Pitt) ator veterano com certa dificuldade em se adaptar, Nellie LaRoy (Margot Robbie) garota do interior que sonha em se tornar uma estrela e Manny Torres (Diego Calva) um faz-tudo imigrante do México que almeja trabalhar com cinema.

Logo de cara Chazelle mostra que neste caso específico não tem muitas amarras, com pouco mais de 10 minutos de exibição já temos dois tipos de escatologia explicita diferentes e uma festa memorável, onde acontece tudo que pode acontecer e um pouco mais. Neste antro de perdição cada um dos protagonistas tem seu momento de brilhar, e só depois de pelo menos meia hora dessa balbúrdia que aparece o letreiro com o título do filme, deixando claro que assim como o império histórico, iremos ver o período de ouro mas também a queda de Hollywood.

Babilônia é um retrato nu e cru dos bastidores das produções hollywoodianas, cheia de sarcasmo e humor ácido, quase que extirpando todo o glamour que se imagina desta época.

No que diz respeito aos aspectos técnicos como direção de arte, fotografia e figurino, o longa é impecável, toda recriação da década de 20 é muito bem feita. Outro destaque, e talvez o maior deles, é referente a trilha sonora composta por Justin Hurwitz. É impossível sair da sessão sem ficar cantarolando o tema principal.

Brad Pitt e Margot Robbie tem ótimas performances, como já poderia se esperar, mas o grande destaque fica por conta de Diego Calva, que tem de fato maior tempo para desenvolvimento e serve como elo entre os personagens. O elenco de apoio é excelente, mas com exceção de Jean Smart, que tem um papel e importância mais definida, o restante acaba ficando meio jogado, sem ter um entrosamento tão grande com a trama principal, principalmente na participação de Tobey Maguire, num nos momentos mais bizarros, e talvez desnecessários do filme.

O grande pecado de Babilônia, assim como de alguns de seus personagens, é o excesso, querer abraçar muita coisa ao mesmo tempo, ou simplesmente não ter freio nenhum, existe por exemplo uma cena de vômito que mais parece ter sido tirada de Todo Mundo em Pânico.

O final é grandioso, como poderia se esperar visto a proporção do filme, e acaba elevando um pouco o clima melancólico que se instala. Entre seus ótimos acertos, com cenas impagáveis e seus exageros, Babilônia tem aquele cara de final de festa, onde todos voltam pra casa satisfeitos mas cambaleando pelas ruas.

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SOBRE O AUTOR

Vinicius Lunas

Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.

 

 


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