PUBLICADO EM 04/10/2019

Coringa (Joker)

 

Coringa (Joker)

Muitos vão se lembrar de Cavaleiro das Trevas, filme de Christopher Nolan que trouxe o personagem em uma das suas melhores versões. Em Coringa, Todd Phillips vai além e entrega um filme tão sombrio quanto mas sem poupar esforços para o lado imoral e cruel do vilão.

O filme Venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, é um dos favoritos para o Oscar 2020, e está envolvido em polêmicas com o fator violência, e acho injusto analisar um filme fora dos parâmetros de cinema.

O longa tem um olhar corajoso em mostrar a ferida marcada na alma de seu personagem, Arthur Fleck. Coringa narra a história de origem de um dos vilões mais icônicos das sétima e nona artes. Por si só, isso já é um feito arriscado já que a falta de “justificava” que motivam seus atos é um elemento fundamental no arquétipo do personagem, que causa o caos pelo caos sem propósito sem motivos.

Ambientado na década de 1970, Coringa trás paletas de cores fracas, numa cidade suja e debilitada tirando o tom amarelado e ressaltando o azul e o verde deixando uma estética muito bonita mas em uma ambientação claustrofóbica, tudo muito pequeno e fechado. É legal dizer isso para que se possa entender as sensações e o ambiente em que o personagem vive, tudo feito propositalmente para transbordar essas condições.

O roteiro não tem emendas, pulos ou furos, ao menos nada tão aparente, tudo muito redondo e solido na historia contada. A riqueza de detalhes visuais ajudam a deixar tudo mais perceptivo. Nos rádios, jornais e TVs, informações que desenham os altos números de criminalidade de Gotham e problemas sociais que acometem a população marginalizada. O sentimento desde o início é de estranheza, que se transforma em incômodo, passa pelo espanto ao mesmo tempo que tenta ser cômico.

O filme é difícil de se entender, pois me espanta a versatilidade que pode ter um tiro na cabeça dentro da sétima arte ou com um esfaqueamento a sangue frio. Se for o mocinho “ok” ele luta por justiça, mas e quando é o vilão que faz isso? Ainda mais quando ele faz apenas por fazer.

É intrigante tudo em que o filme nos apresenta, ele abriu portas para diversos debates, desde a doença mental, o modo em que as pessoas se tratam hoje em dia e até mesmo a violência gratuita e é por isso acho que Coringa é um dos fortes concorrentes ao Oscar de Melhor Filme.

Quanto a Joaquin Phoenix a atuação dele é tudo que o pessoal vem falando ele mandou muito bem no papel e fez uma risada doentia que assusta, uma das marcas registradas do icônico personagem. Um Oscar pode ser merecido pela complexidade do papel.

Coringa é um filme agressivo, deturpado e misterioso, que termina com a acensão de um vilão visto por parte dos civis marginalizados como um símbolo de revolta para revidar as injustiças que vivem o que torna muito mais controverso e simbólico. Ele se ergue ao som de palmas e desenha seu sorriso com sangue, simbolizando a entrega total.

O enaltecimento visual dos minutos finais não é uma ode à violência, mas um vislumbre da emoção do Coringa. É a sua perspectiva. Ele está livre. E finalmente está feliz. E isso é assustador.

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SOBRE O AUTOR

Adriano Novaes

Salve, salve sejam bem vindos a essa embarcação que vai rumo ao horizonte da cultura pop !

 

 


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