A série do Falcão e o Soldado Invernal chegou como algo mais próximo do que já estávamos acostumados nos filmes da Marvel, em especial os do Capitão América, onde eram combinadas a ação, espionagem e conflitos diplomáticos internacionais. Mas lá no primeiro episódio além da cena incrível de perseguição do helicóptero, que não deixa a desejar em nada para o cinema, vemos um aprofundamento nos personagens que só o formato e tempo de uma série podem oferecer.
Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) começam separados, mas mesmo depois de unidos, suas ideias ainda divergem em vários pontos, então o único jeito deles conseguem estar em sintonia para enfrentar seus próximos desafios, é mais do que se entenderem como dupla, é se entenderem como indivíduos.
Ao longo da trilogia de filmes do Capitão América, o Soldado Invernal teve bem mais desenvolvimento que o Falcão, até pela complexidade de sua história, então era de se esperar que agora o Sam ganhasse mais destaque, o que de fato até ocorre, mas o mergulho que damos na psique de Bucky, entendendo seus traumas de forma mais intimista, faz valer seu nome no título.
Os novos personagens introduzidos servem não só para expandir o MCU, mas para acentuar ainda mais as discussões centrais que giram em torno de igualdade, racismo, traumas de guerra e o que torna alguém um herói. Por exemplo, temos John Walker (Wyatt Russell), seria muito mais simples e cômodo fazer um personagem unilateral, um típico vilão que é corrompido pelo poder em suas mãos, mas existem diversas camadas nele, e um comentário interessante de como o governo trata seus soldados. Da mesma forma é Karli (Erin Kellyman), apesar de apelar para o extremismo seus ideias são bastante dignos, aproximando ela de Killmonger em Pantera Negra.
O plot central do legado do escudo, que foi deixado para Sam, obviamente teria que esbarrar na questão racial, que em tempos de George Floyd e tantos outros que perderam suas vidas, não poderia chegar em momento mais oportuno. Não podemos esquecer o tamanho do alcance que uma produção dessas tem e apesar dos elementos fantasiosos, refletir questões relevantes da nossa sociedade sempre foi um marca da Marvel desde seus quadrinhos nos anos 60 e 70.
Sam recusa o escudo, como se não se sentisse a altura de carregar o manto de Capitão América, e toda sua jornada aqui mostra o quanto ele estava errado. Até mesmo a presença de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), que mostra o contraponto de alguém enfurecido e amargurado que sofreu por conta disso, não impede Sam de no final fazer o que ele julga certo e mostrar que Steve Rogers teria orgulho dele. Inclusive a ausência física de Steve é um grande acerto, o legado já foi passado e é hora de seguir em frente. Mackie entrega toda carga dramática necessária de seu personagem, mostrando finalmente o grande ator que é.
Alguns personagens são resgatados e apesar de legais não tem o impacto esperado, como Barão Zemo (Daniel Brühl) e Sharon Carter (Emily VanCamp), parece mais um assentamento de peças para o futuro, assim como novos personagens também apresentados.
Mesmo com todo peso e provavelmente o momento mais impactante e violento de todo MCU ao final do quarto episódio, Falcão e o Soldado Invernal ainda é em sua essencial um produto da Marvel, que sabe divertir e entreter na medida certa e como sempre, nos desperta interesse pelos próximos capítulos desse grande universo.
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