Lá em 2001, quando foi lançado o primeiro Velozes e Furiosos, poucos apostariam uma vitalidade tão longa para franquia, que após mais de 20 anos chega ao seu décimo filme lançado (mais um spin-off, não podemos esquecer). Um dos segredos para permanecer relevante foi a adaptação e crescente expansão de seu universo, tudo começou com corredores de racha ilegal nas ruas de Los Angeles que faziam pequenos furtos, agora a escala da ação é global, com nosso protagonista quase um super herói com vários gadgets tecnológicos e falta de respeito pelas leis da física.
Na Trama do novo longa temos a presença de Dante (Jason Momoa), que busca por vingança após Dom (Vin Diesel) e seus aliados terem derrubado o império de seu pai Hernan Reyes, traficante do Rio e Janeiro (acontecimentos de Velozes e Furiosos 5: Operação Rio de 2011). Todos estão estão em risco, incluindo seu filho Brian (Leo Abelo Perry), novas alianças são feitas e antigos companheiros se juntam nessa empreitada.
Velozes e Furiosos nunca encheu os olhos do público pela sua profundidade de personagens ou roteiro rebuscado, é uma grande galhofa com adultos brincando de carros em alta velocidade, com cenas de ação impossíveis de fazerem sentido e um apelo emocional para “família” criada, do mesmo nível de uma novela das nove.
Dito isto, esse filme tem absolutamente tudo que se espera dele, e não digo isso num mal sentido, pois se chegamos até o décimo filme deste jeito não seria agora, próximo ao fim, que iriam tentar uma revolução na fórmula. Mas diferente das últimas entradas na franquia, que pareciam já desgastadas e repetitivas, aqui pelo menos temos uma certa sensação de desfecho mesmo, que eleva um pouco o senso de urgência e preocupação. A entrada do diretor Louis Leterrier (Carga Explosiva, O Incrível Hulk), mantém o nível da ação elevado, mas sem ser tão apelativo quanto os anteriores. Claro tudo isso dentro do possível quando se pensa em Velozes e Furiosos. Quando se tem um carro perseguindo uma bomba gigante pelas ruas do Vaticano, ou derrubando dois helicópteros, você precisa acionar um pouco sua suspensão de descrença.
Outro ponto positivo é a adição de Jason Momoa ao elenco. Seu vilão é tão malvado e sádico quanto é ridículo e engraçado. Seus trejeitos exagerados, suas roupas cafonas, toda a galhofa num geral, e nada disso sem um motivo muito específico, simplesmente deixaram ele livre, leve e solto pra tocar o terror e sair distribuindo frases de efeito, dando gritos, uivando, enfim tudo que ele tinha direito. Talvez com algum outro ator pudesse ter ficado muito ruim, mas Momoa encaixa perfeitamente na proposta. Brie Larson pouco tem a acrescentar e apenas tapa um buraco que seria do personagem de Kurt Russell.
Claro, existem momentos onde a gente olha e fala “olha lá a mentirada”, mas a verdade é que esse é o filme mais divertido da franquia em muito tempo, e esses momentos você apenas ri involuntariamente e passa pra próxima cena.
Como brasileiro, é difícil ouvir as partes que se passam no Rio de Janeiro com as pessoas falando com sotaque de Portugal, e desta vez não só figurantes mas uma personagem relevante como da Daniela Melchior, que parece até se esforçar pra não mostrar tanto sotaque, mas é impossível não perceber. E visto que há uma preocupação tão grande com a representação latina, e o desastre que é Velozes 5, eles poderiam ter aprendido a lição e se esforçado um pouco mais.
Existem momentos em que o super plano de vingança de Dante não fará muito sentido, você poderá se perguntar como eles tem tanta tecnologia nos carros e em dispositivos de rastreio e armas mas continuam se comunicando com walkie talkies, e talvez se questionará o por que da presença de praticamente todos os personagens que já passaram pela franquia estejam retornando senão para dar um adeus, mas no fim das contas o filme entrega o esperado, nem mais nem menos.
Velozes 10 não tem um fim de fato, ele encerra o primeiro ato com ganchos absurdos inclusive, e teria sua conclusão no 11, mas pelas falas do Vin Diesel sobre uma possível trilogia de encerramento já fazem nossas esperanças caírem por terra de que um dia isso irá acabar. Fique atento para uma cena pós crédito, que para surpresa de 0 pessoas trás mais um personagem de volta.
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Um rapaz simples de gosto requintado (ou não). Curto de tudo um pouco (cinema, tv, games, hq, música), bom em particularmente nada. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo, mas desde os 14 anos formando um bom gosto musical.
