Daqui do nosso mundo de sanidade, nós, leitores, nos desesperamos com cada passo da personagem que, sem sombra de dúvidas, nos faz ficar presos a cada um de seus detalhes. Publicado em 1953, Sylvia Plath baseia o romance “A Redoma de Vidro” em todo o caos que sua vida estava a emergir, já que fora nesse ano em que havia tentado tirar sua própria vida pela primeira vez. Esther Greenwood, segundo as críticas, é um mero pseudônimo para que assim a autora pudesse expor seus conflitos ao sol sem ter de se queimar com as más línguas – o que era ouvido após uma tentativa de suicídio era o suficiente para que tivessem em mente que, de uma próxima vez, não poderia ser apenas tentativa.
Ao início do romance, somos apresentados à Esther Greenwood, uma jovem estudiosa, de cerca de 20 anos, que, por seus feitos na faculdade, acaba por ganhar um estágio em uma revista nova iorquina. Assim como qualquer garota pensaria, segundo nossa protagonista, aquele era, ou ao menos deveria ser, o ápice de sua vida. É com a insatisfação, o sentimento de vazio perante algo que devia a completar, que começamos a perceber os primeiros indícios de que nossa personagem estava a caminhar para um viés que adoeceria sua jovem alma sonhadora.
Após o curto período trabalhando na revista, a jovem volta para a casa com o coração esperançoso, contando que chegaria com boas notícias: seria, assim pensava, aprovada para um novo curso que a colocaria ainda mais a fundo no mundo da escrita.
Pouco a pouco, Esther, que antes a cada capítulo falava sobre escrever, passa a pensar em maneiras de morrer da forma menos dolorosa possível – mas, de qualquer forma, se mataria. Passando por terapias de choque em uma instituição, todavia, nunca deixava de crer, assim como Sylvia, que seria curada daquele fardo irremediável: “Respirei fundo e ouvi a batida presunçosa do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou.”
Daqui do nosso mundo de sanidade, encontramos uma Esther Greenwood a cada esquina – às vezes tampouco se sabe, outrora nem mesmo se liga para isso. Dali daquele mundo de sanidade, Esther Greenwood, achando que a ele pertencia, foi sugada pela sua própria mente. A questão toda é que, olhando-se como se estivesse diante de uma redoma de vidro, parecia distorcida demais para ser verdade – e o mais triste de tudo é que era, irrefutavelmente, verdade.